O monitoramento de riscos da obra da Estação Gávea, da linha 4 do metrô, feito pela concessionária Rio-Barra foi criticado pelo diretor de Engenharia da Rio Trilhos, Bruno Bezerra. Ele afirmou que especialistas da Pontifícia Universidade Católica (PUC-Rio), que fica na região, apontam que a análise não é capaz de detectar o risco de subsidência do solo, fenômeno geográfico de rebaixamento do terreno devido a alterações no suporte subterrâneo. A declaração foi feita na segunda-feira (07/10) na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) durante audiência pública das comissões de Transporte e Especial da Região Metropolitana e da Frente Parlamentar em Defesa da Linha 4.
Bezerra disse que, mensalmente, a RioTrilhos recebe um relatório com uma análise de risco da obra, que está paralisada. A estrutura precisou ser alagada emergencialmente para evitar o risco de desabamento e o documento não aponta movimentações no solo. "Entretanto, o que a PUC-Rio coloca é que não há um monitoramento do fenômeno da subsidência, que acontece em profundidade. Foram feitas muitas modificações no subsolo, existem descontinuidades na rocha e, com a erosão natural, pode haver uma movimentação a 40 ou 50 metros de profundidade. Isso pode se propagar na superfície, sendo muito difícil prever quando e como irá acontecer", declarou.
Enquanto isso, quem vive na região - moradores, trabalhadores ou estudantes - teme pela segurança e aguarda a retomada das obras e a melhora no trânsito do bairro. "Só na PUC-Rio são 20 mil pessoas que circulam diariamente. O bairro está sem o acesso da Avenida Niemeyer, sem o metrô e só sobra uma saída para chegar lá. A Gávea está saturada, é um caos", comentou René Hasenclever, presidente da Associação de Moradores e Amigos da Gávea (Amagávea). Os relatórios de monitoramento de 2019 feitos pela Rio-Barra foram solicitados pelo deputado Waldeck Carneiro (PT), que preside a Comissão Especial da Região Metropolitana.
Recursos da Lava-Jato permitiriam aporte de até R$ 700 milhões, dois terços do necessário para a conclusão das obras
Com o objetivo de retomar as obras na estação, o governador Wilson Witzel declarou que pretende aplicar recursos recuperados pela Operação Lava-Jato. O deputado Carlo Caiado (DEM), que preside a frente parlamentar, destacou que o valor aportado poderia ser de pelo menos R$ 350 milhões. "Esse valor já está declarado, mas estamos fazendo um apelo ao governo federal e ao Congresso para que a União também abra mão da parte dos recursos que cabe a ela, o que totalizaria R$ 700 milhões", declarou.
Durante a reunião, os parlamentares decidiram pela realização de uma audiência com o coordenador da Operação no Rio de Janeiro, Eduardo El Hage. "Como o governador aponta essa fonte, nós queremos ver se isso está devidamente pactuado, como é o entendimento do Ministério Público Federal. Queremos corroborar que esses recursos serão utilizados na obra. Também vamos nos encontrar com Ministério Público Estadual para entender as ações que foram feitas em relação à obra", explicou Waldeck Carneiro.
Presente no encontro, o auditor do Tribunal de Contas do Estado (TCE-RJ), Maurício Maia, afirmou que não há decisão do órgão que seja contrária à retomada das obras na estação, havendo apenas "condicionantes". Ainda estiveram presentes os deputados Chicão Bulhões (Novo), Eliomar Coelho (PSol), Luiz Paulo (PSDB) e Martha Rocha (PDT).
Fonte: Com site da Alerj