Quando pensamos em desamparo, muitas palavras e sentimentos invadem a mente, como desproteção, pobreza, miséria, penúria, sentimento de solidão, isolamento, abandono, desabrigo, desarrimo, orfandade.
"O sentimento de desamparo é a sensação mais antiga relacionada com o sentimento de insegurança e medo”. Um bebê, para se sentir seguro, precisa ser acolhido e abrigado nos braços da sua figura protetora. Quando exposto a constantes eventos de situações dolorosas e incontroláveis, pode provocar comportamentos de desamparo aprendido que, além de limitar uma atuação positiva na vida, gera comportamentos de baixa expectativa e respostas não assertivas para evitar e reagir ao sofrimento e desamparo.
Freud descreve que “o desamparo é associado ao medo da perda do amor do ser que ocupa a função de protetor”. Dada a dependência do sujeito, o perigo maior é o de ser abandonado, deixado à própria sorte e ao próprio desamparo. O sentimento de desamparo é amplamente estudado no campo da psicologia. Este sentimento pode ser o precursor para os transtornos de ansiedade e depressão.
Segundo estudos atuais referentes ao tema, após o período da pandemia, estamos nos dando conta de que, além do vírus, tivemos que lidar com o sentimento de profundo desamparo e solidão gerados pela experiência de afastamento social e medo. Para os que já traziam este sentimento, só agravou.
O sentimento de desamparo no nível social normalmente agravado pela insegurança e incapacidade de se prover pode ser uma alavanca negativa para a perda de motivação e autoestima, criação e reforço de crenças limitantes, estimular a busca de apoio nas drogas, criação de apego a grupos tóxicos, figuras de autoridade e religiosas sem muita consciência, reforçar a manutenção de relações conflitivas, medos referentes a perda de uma atuação profissional e falta de esperança no futuro.
Precisamos lembrar que nossa motivação vocacional e vida profissional tende a ser uma fonte de emoções positivas, que fortalecem nosso sentimento de reconhecimento, felicidade, realização e pertencimento social e quando não encontramos a disposição, recursos e espaço para atuar pode ser uma fonte negativa de frustração, estresse, sentimento de menos valia e impotência.
Fatores que devem ser considerados para identificar sentimentos de desamparo e desequilíbrio emocional
* Baixa autoestima
* Dificuldades de lidar com adversidades naturais da vida
* Ausência de respostas positiva e assertivas para evitar o sofrimento
* Fadiga e fuga de atividades do dia a dia e entretenimento
* Irritabilidade e alterações de humor frequentes.
* Dificuldade em conciliar vida pessoal e profissional
* Sintomas físicos de cansaço, dor de cabeça frequente, dores musculares, insônia
* Sentimentos de raiva, inveja, medo e culpa com frequência
A sensação constante de desamparo na vida pessoal e profissional ou sentimento de ansiedade, é um sinal de alerta que precisa ser considerado. Evitar ou ignorar estes sentimentos e sensações de desamparo, desesperança e ansiedade, pode ocasionar riscos que ameaçam a saúde física, mental e atuação plena na vida.
Como lidar com o Sentimento de Desamparo
Procure auxílio com familiares, amigos e/ou agentes sociais para falar de suas dores, desconforto e receios e obter apoio e orientações.
Aprender a ressignificar os eventos negativos e de sofrimento, é uma excelente estratégia para se libertar e gerar novos comportamentos.
Procure descobrir novas atividades que possam trazer motivação e energia.
Aprenda a meditar, já existem comprovações científicas de que a prática da meditação e do mindfulness auxiliam no alcance da regulação entre corpo e mente e ajuda na produção de neurotransmissores que geram bem-estar e equilíbrio.
Trabalhe o autoconhecimento.
Busque auxílio profissional com terapeutas para compreender os sintomas e comportamentos que precisam ser ressignificados para alcançar o resgate do seu equilíbrio mental.