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A Saúde Mental no Ambiente Escolar: um debate necessário

Marcia Cutri, Advogada Mestre em Ciências Pedagógicas e Doutora em Educação

Em 24/08/2024 às 20:26:42

Em um cenário global onde mais de 13% dos adolescentes, entre 10 e 19 anos, tem diagnóstico positivo para algum tipo de transtorno mental, segundo a Organização Mundial da Saúde – OMS, chega a ser irresponsável que o tema não seja tratado com a relevância devida no ambiente escolar, cujo público-alvo são esses mesmo jovens. Não cabe mais a saúde mental ser tratada como tabu.

Embora a responsabilidade direta pela saúde mental não recaia exclusivamente sobre as instituições de ensino, a comunidade escolar desempenha um papel fundamental na vida dos estudantes. Se faz necessária a promoção de discussões e debates sobre como a saúde mental deve ser abordada nas escolas e como gestores que somos, devemos criar um ambiente de aprendizado que não apenas reconheça e responda às necessidades emocionais dos alunos, mas que também promova um suporte contínuo que contribua para seu bem-estar e sucesso acadêmico.

Reforço que a saúde mental seja uma questão que transcende o âmbito escolar por envolver múltiplos fatores, incluindo familiares, sociais e clínicos. No entanto, as instituições de ensino são, praticamente, o primeiro ponto de contato fora de suas residências para muitos jovens que enfrentam desafios psicológicos. O ambiente escolar é onde os alunos passam uma quantidade significativa de tempo, e é aí que, muitas vezes, se manifestam os sinais de problemas de saúde mental como ansiedade, depressão e transtornos de comportamento, que não tem como serem ignorados em sala de aula. É fundamental que as escolas saibam reconhecer esses sinais e atuem de forma a criar um ambiente inclusivo e de apoio, mesmo que não sejam responsáveis pela intervenção clínica direta.

Mas qual profissional na escola que deve reconhecer esses sinais: o gestor escolar, colaboradores ou os professores? E quem cuida da capacitação desse profissional? A formação contínua em saúde mental deve ser uma prioridade nas escolas. Professores equipados com conhecimentos e habilidades adequadas podem identificar sinais de sofrimento emocional e oferecer suporte inicial, orientando os alunos para os recursos apropriados. E você, gestor? Os seus professores estão capacitados para mais essa função? E a sua instituição, conta com recursos, políticas internas ou colaboração de profissionais de saúde para lidar com questões de saúde mental na sua comunidade escolar?

Recentemente, a imprensa noticiou um caso de um estudante de 14 anos de instituição privada paulistana que, muito provavelmente, segundo áudios do mesmo compartilhado com seus colegas, motivado por bullying tirou a sua própria vida. Em primeiro lugar, gostaria de me solidarizar com essa família e toda a comunidade escolar que padece ao ser mais uma vez impactada com novo episódio de violência anunciada. Essa mesma instituição, no ano de 2018, dois alunos do ensino médio num intervalo de dez dias, também atentaram contra a própria vida chegando às vias de fato. Na época, a instituição dispunha de assistência de especialista e lançou ações para ajudar estudantes a lidar com o problema, mas efetivamente após os casos, o colégio criou espaços de escuta, diálogos e acolhimento para acompanhamento psicológico de alunos, funcionários e professores.

Estamos às vésperas do Setembro Amarelo, mês da campanha mundial de reforço com os cuidados da saúde mental e prevenção ao suicídio. No Brasil, o número 188 é do Centro de Valorização da Vida (CVV), um dos poucos serviços de ajuda gratuita, que funciona 24 horas. Do CVV, dá para ser parceiro, solicitar palestra, ser atendido, solicitar material de apoio, participar de doações, ser voluntário. Como no lema de 2024 da campanha do Setembro Amarelo, gestor escolar, “Se Precisar, Peça Ajuda”.

A forma com a qual lidamos com o bullying em ambiente escolar ainda é negligente. Nessa contramão, os casos são cada vez mais numerosos e precoces. Desde de janeiro de 2024, o bullying é tipificado como crime pela Lei nº 14.811 /2024, reconhecido pelo Código Penal. Mais uma vez, debater e enfrentar a questão da saúde mental no ambiente escolar é imperativo para o desenvolvimento saudável dos alunos e a eficácia do sistema educacional como um todo.

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