Como médico, recebo todos os dias no hospital onde trabalho muitos jovens em idades precoces que estão com problemas emocionais sérios.
Uma das queixas mais atuais é a competição e a busca pelo sucesso, que eles dizem ser necessário para conseguir alcançar “seus sonhos”. São verdadeiras agendas e preocupações típicas de adultos e uma ansiedade visível com o estresse à flor da pele que relatam uma opressão e um medo absurdo de não conseguir dar conta de tantas demandas. A aceitação social, a incapacidade de lidar com as diferenças e a indecisão por qual caminho seguir levam estes jovens a escapes como alcoolismo, alimentação irregular e, em alguns casos mais graves, ao uso de drogas. E estas válvulas de escape que os afastam cada vez mais da clareza dos seus propósitos e das possibilidades de buscar ajuda especializada. É um círculo vicioso sem fim.
Recentemente, uma pessoa que conhece meu trabalho em cima do tema “gratdão”, me perguntou: “Será que a gratidão não pode ajudar a melhorar o desempenho e a motivação destes jovens como alunos, ajudando também neste processo de se encontrarem?”.
Pois bem, a gratidão é reconhecida em muitos artigos como uma emoção positiva que favorece a atenção e a concentração, ampliando nossas capacidades cognitivas, o que melhora nossas tomadas de decisões. Além disso, ela propicia uma vida de relação com os colegas muito mais empática e amplia o campo de motivação para os estudos.
Consequentemente e por causa da gratidão, um adolescente motivado desenvolve um maior autocontrole e mais resiliência nas adversidades, utiliza uma quantidade maior de estratégias para compreensão de conteúdos diversos e apresenta uma saúde emocional que proporciona bem estar e um senso de compartilhamento com seus colegas muito bem desenvolvido. Sendo assim, a motivação resulta numa maior satisfação com o ambiente escolar e seus professores e um maior desempenho acadêmico.
Mas como estimular estes jovens alunos a exercitar a gratidão?
Infelizmente, no Brasil ainda são raros os exercícios e as práticas que estimulam este sentimento, então, deixo aqui um exercício prático que pode ser realizado antes do início das aulas, por exemplo, com estes adolescentes.
Comece a aula pedindo aos alunos que escrevam no papel 10 coisas pelas quais eles são gratos. Depois, peça que listem 10 pessoas a quem eles são gratos na vida. Por fim, peça que façam a mesma lista com pessoas presentes na sala de aula, incluindo seus professores. Parece simples, mas esta prática pode fazer a diferença na vida e no futuro profissional dos nossos adolescentes, assim como a gratidão!