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Somos todas Dona Hermínia

* Por Ana Vitória Lopes, Jornalista e Assessora de Imprensa (@analopesjornalista)

Em 08/05/2021 às 10:06:38

Esta semana perdemos o ator Paulo Gustavo, que lutou pela vida por quase dois meses em um hospital no Rio de Janeiro. A Covid-19 não levou mais um número e Paulo representa os mais de 400 mil brasileiros que tiveram suas vidas ceifadas pelo vírus, cada um com sua história particular, que deixou a família, amigos e filhos sem aviso.

A morte é assim, ela não manda recado, mas quando temos a consciência de que ela poderia ser evitada, nos revoltamos, não conseguimos acreditar em como é possível perder alguém que amamos desta forma. Por que o Paulo, a Maria, o João? Por que? Por que a vacina não chegou em tempo hábil para todos? Por que as aglomerações continuam? Todos estão surdos ou não entendem o que está acontecendo? A resposta eu não sei. Só sei que dói, angustia, traz desesperança. Não é falta de fé em Deus, mas nos homens.

Não é preciso ser mãe para sentir a dor de Déa Lúcia, mãe do ator e inspiração para a personagem mais famosa que o filho interpretou brilhantemente. Não é preciso ser mãe ou pai para pensar nos filhos que ele deixa, no marido, nos pais e na irmã. Quem não se comoveu com a perda de Paulo Gustavo?

Esta semana ouvi de uma prima que Paulo Gustavo é dessas pessoas que temos a impressão que não vai morrer. E é isso mesmo. O carisma, a graça, o humor simples e ao mesmo tempo inteligente fez e ainda fará muita gente chorar de rir. Mas além disso, o que você enxerga através de Dona Hermínia, a personagem inspirada na mãe de PG? Se me permite responder, eu enxergo uma relação de mãe e filho de dar inveja. Uma relação de amor, cumplicidade e orgulho mútuo nítidos, que deve ter tido seus altos e baixos como em qualquer família, mas que no final das contas coloca o amor e a importância de um na vida do outro acima de tudo.

Que mãe não se identificou com Dona Hermínia? Esqueça os rolinhos e o lenço no cabelo. Ou não. Feche os olhos e me diga se você não se viu naquela fala da personagem da vida real sobre a bagunça dos filhos, o traste do ex-marido, a preocupação em levar o agasalho ao sair de casa, afinal, vai que o tempo vira e você pega um resfriado? Aposto que você também tem uma irmã predileta, pechincha na feira, acha a grama do vizinho mais verde, tem uma tia solteirona, tem medo da filha engravidar ou do filho “virar” gay.


Foto: Divulgação

Ou, em um contexto mais atual, mais século XXI, diz que seu filho não vai ter acesso a televisão, celular ou tablet antes dos 5 anos de idade, mas está ai, diante da tela, mais uma mãe pagando língua. Vida de mãe é assim e às vezes a vontade sumir e não voltar mais, né? Pois é, eles tiram a gente do sério. Um dia, não querem tomar banho, no outro, desafiam e questionam a nossa autoridade. Depois, decidem que vão dormir tarde e acordam atrasados para a escola ou começam a se trancar no quarto e colocam música ruim em alto e bom som.

Mãe é tudo igual, não é verdade? Sonhamos em ser a melhor mãe do mundo, mas a maternidade real nos mostra que contos de fada só existem nos livros de história. Fazemos de tudo pelos filhos e na adolescência, na maioria das vezes, nos presenteiam com a indiferença, sentem vergonha da gente. Como pode? Depois, o jogo inverte, eles voltam a pedir colo, conselho, dizem que nos ama e nos elegem como a melhor mãe do mundo. Esta é a Dona Hermínia. Esta sou eu e você. Quando uma mãe perde um filho, todas as mães perdem um pouco também. Por isso, sentimos tanto a perda de Paulo Gustavo. Por isso, ele estará sempre em nossos corações.

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