Já ouviu aquela máxima de “comparar laranja com laranja e maçã com maçã”? Isso significa que temos que usar a mesma metodologia para tentar equalizar cenários diferentes e ter resultados parecidos.
Durante a pandemia de coronavírus, uma das melhores (senão a melhor) recomendação das autoridades sanitárias é ficar em casa e fazer valer o chamado distanciamento social. A partir desta orientação, as cidades e estados têm calculado um índice de isolamento, ou seja, uma porcentagem da população que fica em casa.
Nosso problema começa neste ponto: não existe uma uniformidade de metodologia na coleta de dados. Na prática, isso acarreta em falsos-positivos e falsos-negativos e, uma cidade pode ser considerada abaixo da média em um modo e, por outro, satisfatório.
Se consideramos a capital dos três estados com maior número de contaminados pela COVID-19 (São Paulo, Ceará e Rio de Janeiro), esse fato é bem ilustrado. Enquanto São Paulo e Fortaleza utilizam dados de GPS de smartphones, a capital fluminense vem utilizando imagens de câmeras da CET-Rio para este tipo de trabalho.
De início, há uma discrepância de amostras para verificação. Enquanto São Paulo e Fortaleza, somados, possuem 15 milhões de aparelhos celulares, a cidade do Rio tem pouco mais de 1.200 câmeras. Ainda, essas câmeras não estão distribuídas de modo uniforme em toda a cidade. Elas foram criadas inicialmente com o objetivo de monitorar o trânsito e que, portanto, estão alocadas em vias de grande movimentação de veículos, como vias expressas e túneis, lugares que, normalmente, não tem circulação de pessoas.
E assim, a distribuição por não ser uniforme, não identifica com precisão a taxa de isolamento em locais que não possuem câmeras.
Quando aprendemos que a ordem dos fatores não altera o produto, aqui as consequências podem ser bem graves.