Se você estava conectado à internet nesses últimos dias está sabendo do frisson em torno de uma nova rede social digital: o Clubhouse. Mas fique tranquilo. Você não irá ver mais um manual de como funciona a rede social de áudios que, aliás, não traz nada de novo para quem já conhece o Soundcloud ou acompanha com regularidade podcasts.
Na verdade, acredito que tenhamos mais uma rede social que vai ter o pico de interesse caindo nas próximas semanas até se tornar “mais uma”. A rede seguiu a mesma lógica de um post impulsionado: teve um fator extraordinário que aumentou seu alcance (no caso, o Elon Musk, novo rei midas do digital) e, por ser relativamente bom, ganhou o gosto popular. Mas será que vai ser assim sempre?
O gatilho parar querer algo é antigo: a escassez. Só pode baixar quem tem IOS e quem é convidado. Lembram-se do Orkut? Navegando por e-commerce, você vê pessoas vendendo convite para o Clubhouse. Associado a isso, entra a psiqué do FOMO (fear of missing out) ou o medo de estar por fora.
Outras redes sociais trilharam o mesmo caminho. Foi o caso do Periscope, Formspring, Yik Yak, dentre outros. Voltemos no final do ano para conversar sobre as ações em cima do Clubhouse. Neste momento, é mais empolgação por ser algo diferente do que relevante mesmo.
A rede é para pessoas pós-21 anos: a plataforma está longe de ser atrativa para jovens porque TikTok está aí para ser divertido. Mais do que isso, ainda não tem um modus operandi para empresas. Hoje, elas estão fazendo as coisas por conta delas, levando ou não em consideração responsabilidades que antes não existiam, para garantir fazer ações segregacionista como, por exemplo (e previsto), grupos fechados e exclusivos já apareceram. O perfil da empresa vai destacar sempre um ser humano que indicou a mesma por estar lá. Esse indivíduo pode ser vítima de assédio e até bullying digital. Posteriormente a pessoa pode ter sua conta invadida, com número de celular roubado, assim expondo um bocado de problemas para ela, a empresa que ela convidou e diversos outros aspectos.
Aliás, a preocupação com dados é outro fator que merece destaque na nova rede social. Vamos supor que você nunca ouviu falar em ClubHouse, não tem vontade de criar conta e tem raiva de quem já criou. Como percebeu o blog americano OneZero, você pode assumir desde já que eles já têm suas informações de contato e um “perfil fantasma” ligado a você, graças aos dados compartilhados por quem tem suas informações como nome e número telefônico na agenda do celular.
O aplicativo orienta e dá a entender que o usuário deve fornecer sua lista de contatos quando começa a usar o serviço. É possível não oferecer essa informação, mas o app até chega a utilizar um emoji de um dedo apontando para o botão para confirmar o compartilhamento da lista de contatos.
Então, presuma que alguém que tem seu número na agenda já fez isso, o que permite que a empresa já consiga traçar um mapa social de quem te conhece, seja um amigo, seja um colega de trabalho, seja uma pedicure que guarda o telefone dos clientes.
Mais curioso ainda, a plataforma também demonstra quantas pessoas na plataforma têm em suas respectivas agendas o número de cada um na sua lista de contatos, então o mapa social está traçado, mesmo para quem não tem a menor intenção de se cadastrar. E é muito provável que esses dados serão usados pela empresa para aumentar sua rentabilidade.
Mas fica uma informação curiosa sobre a rede social: de tempos em tempos, os desenvolvedores mudam a logo da rede para a foto de um dos usuários.