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Yandex: o Google russo que fomenta desinformação

Digi & Tal, Por George Soares, Jornalista

Em 26/03/2022 às 15:17:37

Demorou 20 anos para Arkady Volozh transformar o Yandex no Uber, Amazon, Google, Spotify, Pic Pay da Rússia juntos. Por todo esse tempo, o Yandex é conhecido como o “Google da Rússia”: começou como um mecanismo de busca em 1997 e ainda tem 60% de participação no mercado de busca russo. Mas, na última década, essa marca trabalhou sua onipresença na vida cotidiana dos russos. O Yandex Music é o líder do país em streaming de música pago, e o Yandex Taxi é o principal aplicativo de carona. Milhões de russos usam Yandex Navigator, Yandex Market, Yandex News e Yoo Money (anteriormente Yandex Wallet) para se locomover, fazer compras online, ler e gastar dinheiro.

Recentemente, a empresa começou a ser menos dependente da influência do presidente Vladimir Putin, se aproximando do “temível ocidente”, em especial, os EUA. A Yandex Taxi formou uma joint venture com a Uber em 2017 e, em 2020, a Yandex começou a testar carros autônomos no Michigan. No ano passado, o robô Yandex Rover, uma espécie de refrigerador Igloo de seis rodas, começou a entregar comida por meio de uma parceria com a Grubhub para campi universitários no Arizona e Ohio, com planos de expansão para 250 campi americanos. A Yandex também lançou serviços de entrega em Londres e Paris.

Esse cenário de expansão e crescimento mudou em 24 de fevereiro, quando a Rússia invadiu a Ucrânia. Ao meio-dia, o preço das ações da Yandex na Nasdaq (a empresa tinha uma capitalização de mercado de US$ 16 bilhões na bolsa america e cerca de 85% de todas as suas ações eram negociadas nos Estados Unidos) havia caído mais da metade. Nos dias seguintes, a Uber anunciou que seus três executivos no conselho da Yandex Taxi estavam se demitindo imediatamente, e o ministro dos Transportes da Lituânia pediu ao Google e à Apple que removessem o aplicativo de táxi de suas plataformas.

A marcha para a desinformação

O ponto é que quanto mais a Rússia vai se fechando, mais essas iniciativas nacionais ganham potência. Enquanto as portas para o oeste estavam se fechando, Yandex estava gannhando papel de destaque em casa. Em 1º de março, Lev Gershenzon, ex-chefe da divisão de notícias do Yandex, postou uma nota angustiada no Facebook dirigida a seus ex-colegas de trabalho: “o Yandex hoje é um elemento-chave para esconder informações sobre a guerra”. Lev mora hoje em Berlim.

Com um acesso de pelo menos 30 milhões de usuários diariamente da página de notícias do Yandex, a mensagem passada era clara: “vejam que não há guerra, não há milhares de soldados russos mortos, não há dezenas de civis mortos sob bombardeios russos”. A postagem de Gershenzon incluiu uma captura de tela da página inicial do Yandex naquele dia; não havia de fato nenhum sinal de carnificina. Em vez disso, a história principal destacou a afirmação do ministro da Defesa russo, Sergei Shoigu, de que o principal objetivo da “operação especial” na Ucrânia era proteger a Rússia de ameaças militares impostas pelo Ocidente. A restrição russa ao acesso à informação é uma prática presente há anos no país. O governo determina o que os moradores devem assistir e saber. Essa metodologia faz com que grande parte seja fiel a tudo o que é passado pelos canais estatais.

O Yandex não foi diretamente alvo de sanções, mas entrará provavelmente em incumprimento. Tem sede nos Países Baixos, mas está listado nos mercados de ações norte-americano e russo. Enquanto de um lado o principal motor de busca russo é “chapa branca” na guerra, de outro, o estrangulamento financeiro do país faz com que a companhia de tecnologia tenha prejuízo tamanho que venha a quebrar.


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