Muitas vezes vamos levando a vida com o famoso “Deboísmo”. A vida vai rolando na sua frente e se existem atos machistas, misógino, racista ou de intolerância religiosa, você passa sem te atingir. No nosso mundo atual, isso não é mais possível. O famoso Deixa-pra-láísmo brasileiro, que transcende corporações, não tem mais vez. É uma espécie de autoindulgência congênita. Nossa formação urbana, foi sempre muito tranquila, com o dominante impondo com a força seus ideais e a população atendendo, mesmo triste. Muito diferente das veias abertas da América latina, com um passado de lutas e derramamento de sangue. O silêncio não é omissão para muitos. Amigos estrangeiros que estão retornando ao país, que no passado elogiavam a calorosa recepção dos brasileiros, já demonstram surpresa ao ver mais caras fechadas nas ruas.
Mandatários que se usam do lema: “Porrada, bomba e tiro” a esmo, com demonstrações claras de ausência de empatia com as populações mais vulneráveis, fez crescer e tirar a máscara daqueles que gostam desse estado de violência. Nazistas e fascistas estão subindo a voz sem medo. Não precisa ir ao extremo. Exemplos estão aparecendo a cada dia com a liberação das armas, a relação das milícias com o poder e uma dinâmica do uso da força, mesmo estando errado ou muito errado. Até pequenos dados como um profissional liberal que cobra menos para não dar recibo, que não se considera um sonegador.
Estamos concedendo muito deixa pra lá. O governador que gosta de ostentar de ser um exterminador do futuro, se exibindo com armas e dando declarações como: “atirar é igual andar de bicicleta”, não se pronuncia, que seria o mínimo em casos de fatalidade e comoção nacional, e não se importa, como no caso do assassinato da menina Ágatha. Não seria surpresa para ninguém as suas atitudes de assassinato em massa, pois foi falado suas intenções nas eleições. Agora, estamos colhendo violência. Essa indignação popular retida para dentro de cada um não pode se acumular, com risco de explodir. E isso pode acontecer a qualquer momento. Não existe mais espaço para um comodismo conveniente. É cumplicidade.
O que dizer da histórica rapinagem do país pela sua elite? E foi pelo lema “tudo pelo dinheiro”, que chegamos ao ponto de estarmos no centro das atenções por causa da derrubada desenfreada da Amazônia. O que na época, o governo estava “Deboista” em relação a isso, achando que teria apoio popular, criou um colapso de proporções gigantescas. Matança de índios, derrubada ilegal de árvores, garimpo sem lei, envenenamento dos rios e queimada descontrolada é que mais vemos. E acham que está tudo certo. Em termos de diplomacia mundial, para defender o indefensável, arranjou briga com meio mundo. Agora quer discursar para a ONU, defendendo suas ações, falando que não é contra a natureza. O país já foi proibido de discursar na plenária do clima. O ministro do meio ambiente já teve sua fala interrompida por manifestantes.
Vamos acompanhar as decisões internacionais em relação ao Brasil, promovida pelo atual governo. O mundo se mostra cansado da tomada de decisões a base da violência. A resposta das urnas em relação a Benjamin Netanyahu é um sinal muito bom. A voz de centro-esquerda está ativa no país. Trump, outro problema mundial, que incentivou a eleição do atual governo Bolsonaro, talvez não se reeleja. A menos que consiga eleger um novo vilão para combater nesse meio tempo e insuflar novamente o nacionalismo americano. A Marvel já elegeu. O próximo bandido é brasileiro. Depois dos americanos colocarem, no cinema, vilões estrangeiros como alemães, russos, japonese e árabes em geral, teremos possivelmente outro eleito. Um venezuelano ou brasileiro. Que fase...
Quando teremos a nação dizendo não aos seus rapinadores? O longo hábito de descrença, nos impõe indisposição para conclusões. O certo é que não há mais espaço entre ser bobo e ser cínico.