Não se trata do livro do chileno Pablo Neruda, que aliás se chama, Incitação ao Nixonicídio e Louvor da Revolução Chilena, mas sim a atualização de mais um país na América do Sul que está se colocando contra o governo Neoliberal. O fracasso dos governos neoliberais e o capitalismo está escrito em todas as lutas que estamos vendo ultimamente. A marca está visível para o mundo todo ver o quanto estamos cansados desse sofrimento de exploração de uma política acachapante no povo.
Essa política de taxar apenas os pobres, atingindo a previdência, leis trabalhistas, favorecimento apenas aos ricos, perdão de dívidas milionárias, desmatamento e extermínio não se sustenta por muito tempo. O uso de fakenews para provocar e aguçar a ira do povo para inflamar golpes pela América latina tem prazo de validade, pois em pouco tempo se vê o quanto foram enganados, e assim como o governo brasileiro não faz nada para conter as manchas de óleo, só resta ao povo essa missão. E somente o povo está se revoltando contra todas as medidas. A população chilena, seguindo o exemplo do Equador, foi às ruas protestar contra o ajuste neoliberal no transporte público e na energia. Sebastian Piñera cancelou os aumentos, mas o povo segue na rua, porque ainda tem a previdência que tanto o ministro Guedes exalta, é um fracasso tão grande que está levando ao suicídio os mais idosos.
Como no Equador, onde o Povo saiu as ruas e queimou prédios da Caracol, no Chile, Povo queima o El Mercurio. O povo não aguenta mais o aumento da desigualdade social causada pelo governo neoliberal. O Brasil, com sua história de submissão vergonhosa diante das injustiças somado a um conservadorismo por falta de conhecimento social e estudos, corre risco de pela primeira vez de se inspirar nos protestos que tomam conta do mundo e virar o jogo. Podemos virar um Chile atual. O medo de muitos em virar uma Venezuela, está se tornando aos poucos em um Chile. E hoje por lá, o toque de recolher passou de 22hs para as 20hs. Proibido o direito à reunião. Mercados e lojas estão sendo saqueados. Escolas e Universidades cancelaram as aulas e não tem lojas abertas para compra de comida.
O que era o exemplo sul-americano de estabilidade, explodiu. O Chile foi um dos berços do neoliberalismo e, desde a ditadura de Pinochet, todo o plano econômico da Escola de Chicago foi implementado desde fins da década de 1970. A maioria dos serviços públicos foi privatizada. No Chile, uma mensalidade em uma universidade pública pode custar mais do que em uma universidade privada. E como as famílias não têm dinheiro para pagar as mensalidades, criou-se um enorme problema de endividamento dos estudantes que podem passar 15 anos pagando os empréstimos que tomou.
Uma das heranças da ditadura chilena é o sistema de aposentadorias. É uma mina de ouro. Toda privatizada. Esse é o modelo de capitalização individual que Bolsonaro e Guedes querem implementar com a Reforma da Previdência. Tudo para gerar mais lucros para empresários e bancos. Lá, assim como aqui, A situação dos povos indígenas, os mapuches, é triste. Os índios vêm resistindo às ofensivas dos empresários e do Estado para tomar suas terras, que se concentram principalmente na região sul (a mais fértil) do país. Há séculos há uma verdadeira guerra contra os mapuches.
O Chile desperta, assim como vários países como Argentina, Equador, Peru, Honduras e vemos nas ruas o preço que se paga por uma política unilateral. Uma frase pichada nas ruas de Lima, é o maior temor dos políticos neoliberais: “Si no hay pan para el pobre, no habra paz para el rico”. Daqui a pouco chega o furacão na Bolívia.
Não posso afirmar nada, mas tenho certeza que uma brisa do levante latino chega ao Brasil. E mesmo não sendo um texto sobre o último livro de Neruda, Nixonicídio e louvor da Revolução Chilena, deixo sua poesia para inspirar as pessoas.
“No escribo para que otros libros me aprisionenni para encarnizados aprendices de lirio,sino para sencillos habitantes que pidenagua y luna, elementos del orden inmutable,escuelas, pan y vino, guitarras y herramientas.Escribo para el pueblo aunque no puedaleer mi poesía con sus ojos rurales.” (Neruda 1981: 364)