Irretocável. Tentei achar um adjetivo para definir o time do Flamengo, pós Copa América, e achei esse. O dicionário: Adj. Que não necessita de retoque; que demonstra perfeição; perfeito. Não tem outro que melhor defina. Durante o período de competição da Copa América, chegaram os reforços, incluindo o técnico Jorge Jesus para um time já forte. Houve um bom tempo para as novas diretrizes, coisa que durante uma demissão e a entrada do efetivo de vários técnicos no Brasil, não acontece. E para a surpresa de todos, teve um time ofensivo e impiedoso. Se puxarmos a nossa memória, os times brasileiros sempre foram ofensivos, mas na década de 90, todos embarcaram em uma nova forma de futebol: O defensivo. A características do futebol arte, típicas do Brasil, foram deixadas de lado. Foram décadas amargando um futebol insosso na TV, porque pagar para ver pessoalmente isso, não dava.
Sempre fui um rato do Maracanã. Quando garoto, ia sempre ver o Flamengo no estádio. O time sabia de cor, porque não tinha mudanças: Raul; Leandro, Marinho, Mozer, Júnior; Andrade, Adílio, Zico, Tita; Nunes e Lico. Técnico: Paulo César Carpeggiani. Que seleção! Em todas as posições, em todas as jogadas, era emoção do início ao fim. Perfeito e mortal. Zico, ídolo até hoje. Logo depois dessa era, tivemos um jogador ou outro que se pronunciava mais que o próprio time, porém um time inteiro, já não tínhamos mais. Minha última camisa que comprei foi do Romário, apesar de gostar do Imperador Adriano, Petkovic e suas cobranças de falta estilo Zico, Julio Cesar como uma referência no gol e Fillol e sem menosprezar o Brocador num time mais modesto.
Se pegarmos o time atual, o irretocável, veremos a semelhança com minha seleção de 82. Um time inteiro de alta qualidade, difícil de eleger qual camisa optar por comprar. Poderia ser de qualquer um: Diego Alves, Rodrigo Caio, Pablo Marí, Willian Arão, Éverton Ribeiro, Gerson, Gabi Gol, Diego, Vitinho, Rafinha, De Arrascaeta, Filipe Luis, Bruno Henrique e etc. Não adianta dessa vez torcer contra, pois só pelos números, mostrou um time único na história. Os 78,9% de aproveitamento, superam o campeão Cruzeiro de 2003, média de quase três gols por jogo, não perdeu até agora na vitória antecipada do Campeonato Brasileiro, melhor marca do clube com as maiores vitórias fora de casa e em casa, quebrou tabus como vencer o Athlético-PR na Arena da Baixada que não fazia em Brasileiros desde 1974, o técnico com mais rodadas na liderança do Brasileiro, além do Artilheiro e vice artilheiro do campeonato. Com certeza, não coloquei vários outros recordes, porque ainda i Flamengo está acumulando recordes neste Campeonato Brasileiro que ainda não acabou.
Talvez o maior dos recordes, seja um time ganhar a Libertadores no sábado e ganhar o Brasileiro no Domingo, sem entrar em campo. Foram dois dias de comemoração sem parar. Um amigo escreveu com muita propriedade: “ Como o tempo passa rápido, parece que foi ontem que ganhamos a Libertadores”. Acorda sendo campeão da América e dorme sendo Campeão brasileiro. O mais bonito é a presença do camisa 12, ou seja, o torcedor que bateu os recordes de presença nos estádios em todas as partidas e fora delas, afinal, a goleada do Flamengo sobre o San José, por 6 a 1, no Maracanã, em jogo da Libertadores, atingiu mais de 1 milhão de usuários assistindo ao jogo na internet. Recorde no streaming. E como joga bonito, atacando sem parar e com facilidade.
De fato, a fé foi renovada para o torcedor. Aqueles que como eu, tinham um time do Flamengo preferido de coração, agora tem dois. Flamengo de 82 e 2019. Muito se falou contra o time durante essa caminhada, mas como diria Zagalo: Vocês vão ter que me engolir!
E nesse momento, mudar a política, mudar de vizinhança ou mudar de profissão é fácil, mas mudar de assunto é impossível!