Novo Apocalipse Now?

Estamos diante do luto de três dias que logo vai culminar em alguma resposta drástica do Irã aos EUA. Pode ser que a resposta não venha de imediato, mas pode ser que sim, afinal, o general Qassem Soleimani, herói do país, amigo do líder supremo o aiatolá Ali Khamenei, que era só comandante da Guarda Revolucionária, coordenador das ações do Hezbollah na Síria e das milícias xiitas no Iraque. Foi responsável pela retomada de Aleppo pelo Exército sírio e a derrota do Estado Islâmico. Foi assassinado dentro do seu território. A gota d’água. Já se sabe faz tempo, que os alvos americanos para qualquer presidente americano, é Irã, Cuba, Bolívia e Venezuela, mas eles tratam esses alvos como jogo de xadrez. Ou seria um jogo de War?

Me recordei brevemente do jogo de War. Aquele de tabuleiro clássico. Isso, justamente quando vi um infográfico mostrando o mapa do Irã, cercado por bunkers americanos no Iraque e Afeganistão, países que no passado, os americanos invadiram para “levar democracia”. Imaginei justamente com minhas peças nesses países, prontas para atacar o Irã. No jogo, teria que conquistar o continente, que poderia ser meu objetivo final, ou para me tornar forte perante os adversários. Mas, quais objetivos finais de Trump?

Nos últimos anos, os presidentes republicanos são aqueles que puxam o gatilho da guerra apenas para garantir a reeleição. A administração americana não se sustenta sem projetos sociais, sem administrar para o povo. Daí a necessidade, de apoio popular sem precisar mexer em programas sociais. A guerra cai como uma luva. E ainda sai no lucro usurpando o petróleo, afanando riquezas e arqueologias e podendo colocar tropas no país. Dick Cheney elevou a enésima potência explorando os ataques às torres gêmeas (que existem teorias muito fundamentadas de que os próprios americanos bombardearam o país para justificar a guerra) e indo a fundo nos ataques, matando Bin Laden e Saddam Hussein, antigos aliados americanos. Cheney conseguiu mudar a face do mundo para pior e atrás de poder torturar sem o congresso atrapalhar, criou Guantánamo.

Trump mandou matar o chefe da guarda revolucionaria do Irã, sob alegação de ele estar planejando ataques contra interesses americanos na região. Ora, sob suspeita de o Iraque ter dispositivos de destruição em massa, os EUA devastaram o país e no final, não existiam tais armas. Agora, sob nova alegação infundada, cometeram assassinato. Mas Irã, não é Iraque ou Afeganistão. Eles possuem realmente armas nucleares e tem apoio de China e Rússia. O Partido Republicano vai explorar novo eixo do mal, para esvaziar o processo de impeachment aprovado na Câmara, alegando que ele está cuidando dos interesses americanos.

Duas notícias foram o estopim para a ordem de Trump. Uma a aprovação de impeachment na Câmara e seguir para o senado e a descoberta do maior campo de petróleo do mundo no país. Um governo tão impopular precisa do artificio tanto utilizado por seus antecessores para garantir sua permanência. Um risco muito alto, porque o mundo já está cansado desse modus operandi, os americanos estão cansados e preocupados com seus entes queridos que mais uma vez vão ser expostos a um possível novo Vietnam.

Os dados vermelhos foram lançados, mas não conseguiram o efeito esperado. Foram lançados os dados amarelos, os de defesa. O hasteamento da bandeira vermelha na sua maior mesquita e o aviso no Iraque para que as tropas saiam, mostram que estamos na eminencia de algo muito grande na região. E lembremos que o talento vence jogos, mas só o trabalho em equipe ganha campeonatos.

Essa semana, as manchetes serão sobre o conflito que vai aumentar o tom. E não vai ser como nos tabloides ingleses que olhamos um título como: Chupadores preferem colegiais e você descobre lendo a matéria que se trata de uma matéria sobre pernilongos. Será uma manchete clara e garrafal: Guerra! Que os jogos comecem.