Antes de responder a essa pergunta, precisamos entender o que é a compulsão e como nossa mente entende esse mecanismo. Temos vários tipos de compulsões que podem afetar o ser humano: compulsão alimentar, compulsão por compras, compulsão por drogas ilícitas e bebidas, exercícios físicos, ente outras, que causam verdadeiros estragos psicológicos na mente humana. Tudo isso nos leva a refletir sobre como nosso cérebro se comporta diante desse tipo de vício e o que pode ser feito para não cair nas armadilhas ilusórias. A compulsão é inerente ao ser humano, mas escancara um adoecimento emocional que, certamente, está relacionado a uma falta emocional que precisa ser preenchida.
Emocionalmente falando, o indivíduo que entra em um ciclo de compulsão e vícios, sejam quais forem, se vê angustiado ao ponto de não conseguir sentir-se em paz por não estar satisfeito com sua realidade. Isso gera transtornos emocionais relevantes, como perda de sono, perda de apetite, estresse generalizado, ansiedade, tristeza profunda, depressão e até síndrome do pânico. São emoções que retroalimentam o estresse, levando-o a vivenciar sensações de cabeça pesada, irritabilidade, alterações de humor, entre outros gatilhos que justificam a desestruturação mental em função da compulsão que ele alimenta. Um outro fator bem relevante de todo esse processo é o sentimento de culpa, que distorce a realidade dos fatos e acelera o complexo de inferioridade e a baixa autoestima, estimulando, através de atitudes desesperadoras, a busca da falsa ilusão do alívio e do auto perdão. Essa impotência também pode estar ligada à vergonha de se expor e mostrar sua fragilidade para parentes e amigos próximos.
A compulsão precisa ser estudada para compreender qual gatilho é responsável por esse adoecimento emocional. Se não tratado a tempo, essas questões podem levar a consequências mais desastrosas, como o envolvimento em outros vícios como cigarro, álcool, comida e drogas ilícitas, na tentativa de descontar a frustração em excessos. Ou seja, para qualquer compulsão, principalmente por compras, a solução não é se culpar e se esconder. Não adianta fugir dos problemas. Devemos encarar de frente para conseguir perceber sua dimensão e, desta maneira, verificar de que forma poderão ser solucionados. Questionar-se: qual meu vazio? Estou querendo preencher com tantas aquisições, sem necessidade real?
Ao comprar compulsivamente, acumulando itens e buscando o prazer em doses homeopáticas, a cada nova aquisição, fica claro, olhando pelo aspecto da saúde mental, um possível enraizamento de carências e faltas afetivas que são, inconscientemente, substituídas pelo bem material. A questão é que o indivíduo está tão adoecido mentalmente que não consegue perceber seus próprios excessos. Os sentimentos de medo, vergonha e insegurança, muitas vezes, impedem a pessoa de pedir ajuda e reconhecer que algo precisa ser feito para cessar as compras. Além disso, é preciso um trabalho psicoterápico muito eficaz, já que muitos compulsivos costumam mudar o objeto desta compulsão. Alguns deixam de ser compulsivos por compras e substituem pela compulsão por álcool ou comida, por exemplo.
Portanto, do ponto de vista psicológico, a dependência compulsiva pode afetar qualquer um. É preciso entender a natureza desses vícios para modificar o padrão. Muitos dependentes perdem a condição até mesmo de fazer escolhas próprias, agindo de forma negativa, necessitando de apoio e compreensão para sua reabilitação. A compulsão, seja qual for, pode surgir de forma inesperada na vida de uma pessoa, porém é totalmente possível vencer e se livrar do abismo instalado. O primeiro passo é ter a consciência de que se está doente, querer e buscar ajuda terapêutica para desenvolver proteções psíquicas, fortalecendo a autoestima, o foco e a determinação, além de obter acolhimento de uma rede de apoio que seja capaz de dar suporte sem julgamentos.