Vida urgente. Aceleração em demasia. Tudo é para ontem e vivemos na angústia de que “o agora” não faz sentido. O olhar está sempre voltado para o futuro, ou o que ainda vai acontecer ou pode acontecer. Um exemplo disso é a prática de acelerar os áudios no WhatsApp. Você sabe o que isso pode indicar em relação à saúde mental dos indivíduos? E quais os impactos dessa simples ação, na resposta comportamental e psíquica do ser humano?
Em primeiro lugar, podemos citar o excesso de ansiedade como um dos maiores indicativos que trazem como consequência essa prática. Isso ocorre muito em função de que, nos últimos 2 anos, o número de pessoas acometidas por sintomas e sensações desagradáveis relacionadas à ansiedade e ao estresse agudo aumentou consideravelmente. Isso evidencia que os transtornos ansiosos têm sido apontados como um dos desequilíbrios mentais mais comum entre as pessoas.
Além disso, não é de hoje que o aplicativo do WhatsApp tem sido usado de forma quase onipresente. Bate papo entre amigos, grupo da família, de trabalho, vendas, reunião, negócios, troca de conhecimentos, compras e vendas, tudo parece passar por ali. Recentemente, uma atualização na plataforma permitiu acelerar os áudios recebidos. À primeira vista, parece ser uma solução para os longos registros enviados pelos interlocutores mais prolixos. No entanto, é preciso fazer a pergunta: por que aceleramos os áudios, os vídeos e a vida? Acelerar áudios de WhatsApp é apenas mais um sintoma da ansiedade com a qual estamos lidando na vida e principalmente, no trabalho.
Ouvir um áudio acelerado é um estímulo externo que avisa o sistema para ficar em alerta. Então, inconscientemente, você avisa ao sistema nervoso para permanecer acelerado. Mas nós não temos o botão de desliga, o que é extremamente prejudicial, pois você vai ativar um aceleramento no seu organismo. Tanto que, após ouvir um áudio acelerado, a tendência é que o indivíduo continua acelerado, mesmo que não perceba. Tal comportamento acarreta mais um componente de sobrecarga mental, sendo que, ao final do dia, pode supervalorizar a sensação de frustração por não se ter dado conta de tudo.
Ele gera estímulos para pensarmos que poderíamos fazer mais, produzir mais, alimentando o sentimento de que estamos sempre devendo, sendo que o dia continua tendo 24 horas. Ou seja, é possível afirmar que acelerar áudios e vídeo acabam por deixar as pessoas em um estado de hipervigilância, gerando gatilhos que desembocam em uma possível crise de ansiedade.
Portanto, tudo isso é reflexo da urgência e ilusão do tempo através de pequenas ações, que consideramos inofensivas, mas que enviam mensagens subliminares ao nosso cérebro, alterando o comportamento e modificando sentimentos e emoções. O segredo é ter cuidado com o outro para não acelerar e provocar ansiedade através dos áudios que envia. Mande áudios de até 1 minuto apenas. Se o assunto for extenso, quebre em vários áudios de 1 minuto para não se transformar em um Podcast. E ao ouvir áudios, nunca os acelere: entenda o quanto esse ato simples pode impactar em sua saúde mental e no ritmo de seu dia. A aceleração de tudo promove a sociedade do cansaço, doente psicologicamente.