No próximo dia 29 de outubro será celebrado o Dia Mundial de Conscientização da Psoríase. A doença atinge a pele e não é contagiosa, mas afeta diretamente milhares de pessoas no Brasil. Dessa vez, os profissionais da saúde e a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) têm mais um motivo para comemorar: recentemente o Sistema Único de Saúde (SUS) incorporou os medicamentos imunobiológicos para o tratamento da psoríase moderada a grave, em adultos e crianças, que não respondem às terapias tradicionais.
Vale destacar que a psoríase se classifica como uma doença inflamatória que acomete a pele e as articulações de cerca de 2% da população mundial. Ela é causada por múltiplos fatores e inicia-se geralmente na faixa dos 20 a 30 anos de idade. Além disso, a patologia tende a persistir por toda a vida com períodos de melhora e piora. Isso porque, ela possui gatilhos que podem agravar o quadro, como estresse, tempo frio, fumo, infecções, banhos longos e quentes e uso de algumas medicações.
"As dicas para melhorar o quadro incluem hábitos de vida saudáveis, uso de hidratantes, banhos de sol moderados e evitar o traumatismo da pele, como o hábito de cutucar ou arrancar as escamas que se formam sobre a pele, além de se consultar com o dermatologista periodicamente", explicou Ricardo Romiti, Coordenador da Campanha Nacional de Psoríase da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD).
O tipo de psoríase mais comum é a forma em placas. No geral, são lesões avermelhadas e elevadas, com escamas esbranquiçadas na sua superfície.
"As escamas acabam se espalhando pelo vestuário, roupa de cama e ao redor de quem manifesta o quadro. Coceira e dor associada a rachaduras na pele podem ser muito debilitantes", afirmou Sergio Palma, Presidente da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD).
Os locais mais atingidos são o couro cabelo, cotovelos e joelhos, e as costas, podendo também aparecer em outras regiões do corpo como nas unhas, mãos e pés e articulações. Existem também variantes graves com a formatação de lesões com pús e aquelas que se espalham por todo corpo.
?"Muitas vezes a psoríase pode ser confundida com alergias de pele ou micoses, levando a tratamentos ineficazes e inadequados que podem piorar o quadro. Portanto, em caso de qualquer lesão suspeita da doença é necessário procurar um médico dermatologista associado à SBD para realizar uma avaliação completa, solicitar os exames adequados e discutir as melhores formas de tratamento", esclareceu Sergio.
?O tratamento da psoríase depende essencialmente da forma da doença e da extensão do quadro. Casos leves são tratados com medicamentos tópicos, como cremes e xampus. Para o tratamento da psoríase moderada a grave são usados a fototerapia e medicações orais sistêmicas. Caso o paciente não melhore com as etapas de tratamentos anteriores ou apresentem alguma restrição ao seu uso, indica-se os medicamentos imunobiológicos.
"Os biológicos são uma nova geração de medicamentos para o tratamento da psoríase moderada a grave. São tratamentos altamente específicos e eficazes no controle da enfermidade, quando o paciente já não responde às mediações tradicionais. O médico dermatologista precisa avaliar com atenção caso a caso para indicar o melhor tratamento", explicou Claudia Maia, Médica Dermatologista da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD).
Vale ressaltar que, recentemente, o SUS incorporou uma série de tratamentos biológicos ao grupo de medicações oferecidas de forma gratuita pelo sistema. A característica mais marcante da psoríase é o impacto que a doença tem sobre o bem-estar físico e a qualidade de vida do paciente.
"A psoríase é cercada de preconceito devido ao aspecto das lesões e o receio infundado que possa ser contagiosa. Não se trata de uma doença contagiosa e assim não há nenhum risco para as pessoas que convivem com o paciente de psoríase", destacou Palma.
?A SBD reforça a luta contra o preconceito e a necessidade constante de esclarecimentos sobre as suas manifestações.
"Essa situação delicada que leva a pessoa com psoríase ao isolamento social precisa ser mudada. A Campanha Nacional de Conscientização da Psoríase da SBD, veiculada nas redes sociais da Sociedade, tem um papel muito importante na luta contra o preconceito", finalizou Ricardo Romiti.
Liberação dos imunobiológicos no SUS
Durante o maior e mais importante congresso da dermatologia Brasileira, o 74° Congresso da Sociedade Brasileira de Dermatologia, em setembro, a SBD recebeu a notícia da liberação dos medicamentos imunobiológicos para tratamento da doença no SUS, uma luta dos pacientes com psoríase e dermatologistas ao longo de 1 década.
No entanto, a disponibilização dos medicamentos biológicos não ocorre de forma automática, precisando de alguns trâmites burocráticos no Ministério da Saúde para que os imunobiológicos possam finalmente ser prescritos pelo médico.
"Ao que tudo indica a espera não será longa, pois há poucos dias saiu o código do Ministério da Saúde para começar a liberar as medicações. Agora só estamos aguardando a adequação das Secretarias estaduais de saúde para começarem o fluxo de fornecimento", explicou Claudia Maia.
Em resumo, a partir de agora, com o novo protocolo de tratamento da doença,? passam a ser regulados a forma de acesso dos pacientes à medicação gratuita na rede pública, os critérios para fechamento de diagnóstico, a exigência de que gestores do SUS observem as normas e a obrigação de que os médicos informem ao paciente, ou seu responsável legal, sobre os potenciais riscos, benefícios e efeitos adversos relacionados ao uso das medicações citadas.