Metade das mulheres com mais de 50 anos e 24% dos homens desta faixa etária sofrerão de osteoporose, doença caracterizada pela diminuição da massa óssea e o risco elevado de fraturas. Para alertar quanto aos perigos da doença, a Associação Brasileira de Avaliação Óssea e Osteometabolismo (ABRASSO) realiza campanhas no mês de outubro sobre a doença.
Segundo o doutor em Endocrinologia e diretor da Abrasso, o ortopedista Francisco de Paula Paranhos Neto, as quedas aumentam o risco de fraturas – a principal complicação da doença.
“A gente tem alguns dados um pouco mais antigos do IBGE falando sobre a nossa população. Temos uma estimativa de mais ou menos 200 milhões de pessoas no mundo com osteoporose. Lembrando que 40-50% das mulheres acima dos 50 anos e 24% dos homens com essa idade sofrerão pelo menos uma fratura osteoporótica ao longo da vida, o que é muito impactante”, alertou.
O ortopedista acrescenta que, considerando a fratura de fêmur, existe uma estimativa de em torno de 20% de taxa de mortalidade do paciente já no primeiro ano.
“80% dessas pessoas deixam de exercer pelo menos uma atividade vital do seu dia a dia, que pode ser de se alimentar sozinho, tomar banho, ir ao mercado. Além disso, 30% deixa de andar sem ajuda. Então, é muito impactante esse tipo de fratura para as pessoas” explicou.
O ortopedista comentou ainda que quando uma pessoa sofre uma fratura vertebral, ela tem quatro vezes mais chances de sofrer uma nova fratura no espaço de 12 meses. “Quando a fratura é de fêmur, essa ocorre em 50% das vezes em quem já sofreu uma fratura prévia”.
Custos da doença
O médico toma como base dados coletados por norte-americanos. Segundo essas estatísticas, para recuperar 2 milhões de fraturas ósseas são gastos 17 bilhões de dólares. Desses, 72% dos gastos são usados para tratar fraturas de quadril:
“Apesar das fraturas de quadril comporem apenas 14% das fraturas deste levantamento, chamamos atenção para o custo do tratamento delas, que é bem mais elevado que das demais. E aí podemos imaginar o quanto isso crescerá considerando o envelhecimento da população”, disse.
Já a International Osteoporosis Foundation (IOF) estima que, no Brasil, o número de fraturas deve aumentar até 2040, quando os casos podem chegar a 200 milhões. “Na sala de aula, discutimos até mesmo as chances de não termos profissionais em número suficiente para atender todas essas pessoas”, revela o doutor Francisco de Paula Paranhos.
Osteoporose nos jovens
Não só os mais idosos são acometidos da doença. Fatores como menopausa e andropausa podem provocar a osteoporose em pessoas de mais idade. Mas, segundo o médico Francisco Paranhos, o problema também pode ocorrer em pessoas mais jovens.
“Até os 21 anos nós temos o nosso pico de massa óssea, estabilizamos, e depois vamos perdendo. Nós usamos essa massa óssea como fonte de cálcio para o funcionamento do nosso corpo. Quando a doença é identificada no jovem, normalmente ela está atrelada a outra doença, como anorexia, inflamações, artrite reumatoide, doença renal crônica, lúpus, patologias endócrinas, etc”, frisou.
Francisco Paranhos ressalta que, além disso, quando a pessoa não ingere cálcio e vitamina D (responsável por ajudar na absorção do cálcio), são reduzidas as chances de se proteger contra a osteoporose.
“O tabagismo e o alcoolismo também são grandes fatores de riscos, além do uso de medicamentos com glicocorticoides em doses elevadas. Nesse caso, osteoporose secundária. Ainda tem a questão hereditária, quando você carrega esse histórico na sua carga genética. Não há como mudar o quadro, mas você pode fazer de tudo para evitar uma complicação”, ensinou.
Prevenção
Para evitar os problemas sociais e econômicos decorrentes da osteoporose, cuidados são necessários e recomendados pela sociedade médica:
“Em termos de prevenção, a gente tem que imaginar o seguinte: o que podemos dar de saúde para o osso? Precisamos investir em hábitos saudáveis, como não fumar, não beber, combater o sedentarismo e praticar atividades físicas regularmente (o osso está em constante troca de massa óssea e por isso precisa do estímulo mecânico e fortalecimento). Precisamos estimular as pessoas a se exporem ao sol, em pequenos períodos. Claro, é fundamental lembrar do câncer de pele, mas o contato do sol com a pele (sem o filtro solar) pode ativar a vitamina D, que favorece a absorção do cálcio, tem uma atuação direta nos músculos que nos protegem das quedas”, explica Francisco Paranhos.
A redução das quedas também reduz a incidência de fraturas em 90%. Francisco Paranhos lembra que as fraturas também podem ocorrer sem a ocorrência de quedas. Dois terços delas não provocam dores ou sintomas. As consequências são a perda de centímetros de altura, por fragilidade nos ossos da coluna.