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Ex-fisioterapeuta da Seleção confia em crescimento de Neymar na Copa

Por Gustavo Cunha em 22/06/2018 às 12:29:22

(FOTO: Lucas Figueiredo/CBF)

No segundo jogo do Brasil na Copa do Mundo de 2018, além do fraco futebol demonstrando pela Seleção Canarinho diante da Costa Rica, outra coisa chamou a atenção dos que acompanharam a partida. A quantidade de faltas sofridas por Neymar. O craque brasileiro foi caçado em campo pelos costariquenos.

Ele vem sofrendo com a violência dos adversários desde a estreia contra a Suíça. As sucessivas pancadas no pé direito, que foi operado recentemente, gerou consequências. Há dois dias, Neymar teve que se retirar de um treino por sentir dores no tornozelo. O camisa 10 chegou a ser dúvida para o duelo contra a Costa Rica, mas foi confirmado por Tite.

Para entendermos se a recuperação da recente fratura no quinto metatarso do pé direito foi curada 100% e a torção no tornozelo esquerdo podem virar problemas maiores, oPortal Eu,Rio! conversou com o fisioterapeuta e ex-gerente científico do Vasco, Alex Evangelista.

O profissional falou sobre a caça ao atacante brasileiro.

"O Neymar, em qualquer competição do mundo, provavelmente irá sofrer com essa procura exagerada do adversário em marcá-lo, de tentar anular as suas ações. É um jogador absolutamente criativo, habilidoso, e desenvolveu muito a questão da força na Europa. Tem uma coisa que a gente tem que ressaltar. A competição na França não tem a mesma pegada que na Inglaterra, que na própria Espanha e outros lugares da Europa. Isso acaba tirando dele essa adaptação. Essa é uma opinião pessoal minha. Observando ao longo do tempo, você percebe que há uma perda dessa questão do hábito, da procura do atleta ser mais agressivo, essa coisa toda. A Copa do Mundo tem mostrado para todos nós, que a questão da força tem sido o quesito número 1 na preparação das equipes no mundo inteiro. Então é uma coisa que a gente tem que começar a acender a luz amarela. E lá atrás, em 2015, no Caprres, a gente tentou desenvolver isso, a questão da força. Não só contar com a parte técnica do atleta, mas que ele tenha níveis de força. Porque quando você imputa isso no trabalho, desenvolve algoritmos no software e começa a perceber que você se compara à equipes de grande porte do mundo inteiro. Mas o Neymar, com certeza, vai desenvolver um bom futebol nessa Copa, porque para mim, ele é top3, um dos três melhores. E o Neymar, quando é atiçado, se desenvolve mais ainda. Então eu acredito que ao longo da competição, a gente não precisa se preocupar, que ele vai desenvolver um bom futebol."

Alex Evangelista trabalhou com Neymar nas Olimpíadas de 2016, quando o atacante também sofreu uma torção no tornozelo. Na época, assim como atualmente, a Seleção Brasileira vinha sendo criticada pelo desempenho abaixo do esperado. O fisioterapeuta contou como foi o processo de tratamento e como o jogador reage em um momento de pressão.

"Eu tive a oportunidade de trabalhar com o Neymar na Olimpíada, quando ele teve a lesão, a torção no tornozelo. Nós ficamos de 7 horas da manhã até às 5 da manhã do outro dia, tratando. Só parávamos para os horários obrigatórios: almoço, café da tarde, jantar e café da manhã do dia seguinte. E durante o dia ele se preparou e jogou. Ele é muito profissional, um cara absolutamente dedicado, e eu tenho certeza que esse tipo de pressão não o incomoda."

Para quem assistiu a partida entre Brasil e Suíça, foi notório que o camisa 10, até por estar voltando de lesão, estava fugindo do contato direto com os adversários. Evangelista respondeu se falta confiança ao atacante e se devemos nos preocupar com a situação do jogador na sequência da competição.

"Toda vez que um atleta volta, seu primeiro jogo após uma lesão, há uma preocupação maior. Ele acaba se testando mais e se resguardando, obviamente, para que na possibilidade de um contato exagerado, ele seja protegido. Ele está absolutamente de prontidão o tempo inteiro, para que ele se proteja. Isso é normal, absolutamente normal. Mas no desenvolvimento da competição, ele vai muito bem, eu tenho certeza absoluta."

Alex rechaçou qualquer possibilidade de que Neymar, por conta da Copa, tenha voltado aos campos de maneira precipitada.

"Não, o retorno dele não foi precipitado. Ele, na verdade, usou o protocolo adequado. O Doutor Rodrigo Lasmar é absolutamente competente e, aliás, é um cara que não acelera qualquer processo de reabilitação visando a preocupação com o jogo. Com certeza ele analisou todos os riscos e não foi precipitado."

Para encerrar, Evangelista falou sobre o período pós-Vasco e o futuro.

"Quanto ao meu futuro, eu já estou no futuro. Estou aqui no Japão. Logo que eu saí do Vasco, fui para o Estoril, que me fez um convite para ajuda-los. Saí em uma situação bem ruim na época, que eles estavam caindo para a segunda divisão. Eu fiquei lá dois meses tentando ajudar, mas já havia um pré-contrato assinado com o Urawa Reds. Eu vim para o atual campeão da Copa da Ásia, que é a Champions League asiática. Eu vim para cá com o objetivo de desenvolver os trabalhos que a gente conseguiu desenvolver no Vasco. E com os erros e acertos, nós amadurecemos muito mais. Estou tentando me ajustar e me encaixar na cultura japonesa, onde eu já trabalhei seis anos. Acredito que, a partir de agora, o caminho é um pouco mais curto pela experiência adquirida."

Alex Evangelista é um dos idealizadores do Centro Avançado de Prevenção, Recuperação e Rendimento Esportivo do Vasco (Caprres) e trabalhou no clube em dois períodos. O primeiro entre 2003 e 2006, e o mais recente, de 2015 até março desde ano. O profissional também acumula passagens por Al Ahly (Catar), Kashima Antlers (JAP), Botafogo e Santos.

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