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Escutas telefônicas revelam que PMs pediam propinas a traficantes na Região dos Lagos

Investigação começou em 2015 com Operação Constantino do MPE

Por Mario Hugo Monken em 22/07/2018 às 13:38:04

Foto: Pixabay

Interceptações telefônicas feitas com autorização da Justiça revelam que PMs teriam exigido propinas para soltar bandidos presos e também para não atrapalhar a venda de drogas em redutos dominados por uma quadrilha de traficantes da Região dos Lagos. 

As gravações foram feitas durante a Operação Constantino do Ministério Público Estadual com o apoio das coordenadorias de Inteligência da Polícia Militar e da Secretaria de Segurança Pública deflagrada em 2015 que investigou uma quadrilha de traficantes que atuava no Rio de Janeiro, além de Saquarema, Araruama, São Pedro da Aldeia e Cabo Frio, na Região dos Lagos.

Trechos das escutas que constam em sentença proferida em 28 de junho pela Justiça fluminense mostram conversas entre integrantes do bando fazendo menção a uma suposta cobrança de R$ 9.000 feita por PMs que fariam parte do Serviço Reservado (P2) de um batalhão da corporação para soltar dois adolescentes que foram detidos com um rifle, um revólver calibre 38 e uma sacola com drogas. 

Segundo as gravações, os traficantes teriam oferecido primeiramente R$ 5 mil e os supostos policiais não aceitaram e teriam dito que "iriam matar os menores". Os agentes, posteriormente, teriam concordado com a oferta. 

Em outra conversa captada, os traficantes falam sobre uma nova cobrança, desta vez semanal, de R$ 1.500 feita por supostos policiais para não atrapalhar a venda de drogas em uma comunidade dominada pelo bando. Em um trecho, um bandido diz que não teria o dinheiro suficiente porque a boca de fumo não arrecadaria bem. 

A sentença menciona também que havia bandidos na quadrilha que estabeleciam estreitamento com policiais militares corruptos para receber informações sobre diligências e operações.

Ao todo, 42 pessoas foram denunciadas na Operação Constantino e 39 foram condenadas pelos crimes de tráfico de drogas, associação para o tráfico, organização criminosa e lavagem de dinheiro, além do porte e posse de armas de fogo. 

Pelo fato de as interceptações não mencionarem nomes de PMs nem as unidades que eles trabalhariam, nenhum policial foi denunciado ou condenado no processo.

O chefe do bando, Carlos Eduardo Rocha Freire Barbosa,  conhecido como ‘Cadu Playboy’, foi condenado a 156 anos, oito meses e 29 dias de reclusão.

O fator motivador da ‘Operação Constantino’ foi a percepção de que, desde o início da implantação das Unidades de Polícia Pacificadora  (UPPs) nas comunidades da capital fluminense, grande parte dos criminosos ligados ao tráfico vinham buscando refúgio nas cidades do interior do estado, onde tentavam reorganizar o comércio de entorpecentes. 

A denúncia apontava que, mesmo preso desde 7 de novembro de 2014, ‘Cadu Playboy’ seguia dando ordens a seus subordinados para a prática de novas ações criminosas, por meio de troca de ligações e mensagens via celular. Tal constatação, inclusive, serviu para fundamentar pedido anterior do Ministério Público Estadual de transferência do bandido do sistema penitenciário fluminense para a unidade prisional federal em Catanduvas/PR, onde segue custodiado.

Procurada pelo Portal Eu Rio, a Polícia Militar informou que "se não houve indiciamento de PMs, não há posicionamento a ser fornecido pela corporação"
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