A milícia Liga da Justiça cobra taxas de vendedores de pipoca e até de quem joga bolinha no sinal em Campo Grande, na Zona Oeste do Rio, segundo relatório de investigação da Polícia Civil. Vendedores ambulantes também são obrigados a pagar. Em havendo negativa, sofrem consequências diversas, que incluem a prática de violência física e homicídio.
Os milicianos tomaram conta da associação de moradores de uma comunidade de Paciência. A presidente ficava responsável por fazer cobranças por meio de práticas extorsivas aos moradores e comerciantes da região, seja pela comercialização de lotes, prestação de serviço irregular de fornecimento de sinal de TV a cabo e outras taxas compulsórias, inclusive realizando ligações para fazer as cobranças.
A ideia na verdade era passar aos moradores locais a impressão de que a cobrança é ´regularizada´ já que realizada pela associação de moradores, prática comum em determinadas regiões do tráfico, adotada pela milícia para desvincular o caráter compulsório da medida, como se o morador tivesse a opção de não pagar sem sofrer retaliação.
Na mesma investigação, conforme já tinha sido divulgado anteriormente, havia um grande esquema de contrabando de cigarros do Paraguai, inclusive com a venda dos produtos em presídios do Rio, que era facilitada pela presença de agentes penitenciários na organização criminosa. A trama envolvia até tabacarias.
Uma mulher era responsável pela operação financeira dos lucros com as vendas dos cigarros e chegou a movimentar em sua conta cerca de R$ 1,5 milhão.
Um outro miliciano lavou o dinheiro com a criação de uma empresa prestadora de serviços.
A quadrilha também realizava loteamento de terrenos irregulares e grilagem de terra em esquema que envolvia a participação de um PM e de uma imobiiiária. Desta trama, saiu até morte.
Os milicianos recrutaram diversas diversas pessoas oriundas do tráfico de entorpecentes. Há membros que atuam somente na cobrança das taxas, outros que realizam os serviços de instalação de redes ilegais, não pegando necessariamente em armas ou praticando crimes de sangue. Há também aqueles que são recrutados para atuarem na segurança de áreas ou de líderes. Há ainda aqueles que apenas são informantes, como um ´batedor´ cuja função era avisar se no trajeto havia alguma viatura policial