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Moradores do Rio sofrem com água consumida no Estado

Dores de barriga, diarreia e vômito são frequentes há dias na população fluminense

Por André Uchôa em 08/01/2020 às 15:31:19

Foto: Divulgação

A péssima qualidade da água - distribuída pela Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro (CEDAE) – nos bairros da Zona Norte e Oeste está levando os moradores a comprar água mineral. Desde a última sexta-feira (3), a população tem se queixado que a água tem vindo com uma coloração turva, além de sabor e odor desagradáveis.

E se não bastasse esse problema, que inviabiliza o uso da água, os moradores estão comprando galões de água mineral para manter as atividades rotineiras, já outros não tem condições para comprar.

"Estou há dois dias com dor no estômago, com fraqueza e mal consigo levantar da cama. A água esta com uma cor amarelada e com mal cheiro e não tenho dinheiro para comprar água mineral", afirma Marcelo de Souza, morador de Jacarepaguá.

Além de Jacarepaguá, os moradores dos bairros Paciência, Campo Grande, Ricardo de Albuquerque, Deodoro, Santa Cruz, Guaratiba, Costa Barros e Anchieta e da Baixada Fluminense vivem o mesmo dilema.

Ao Portal Eu, Rio! o infectologista da UFRJ, Edimilson Migowski, alerta que não se deve utilizar a água para beber ou preparar alimentos. "A água por definição é sem cheiro, sem cor e sabor. A principio ela está impropria para uso, pois há algum contaminante, que a gente não sabe qual é. Nesta situação, o ideal é que os moradores não utilizem essa água para beber ou preparar alimentos", afirma.

Diarreia, dores abdominais ou vômitos são alguns dos sintomas de quem já está contaminado pelas substâncias impróprias da água. De acordo Migowski é importante procurar um atendimento médico. "A água quando fervida pode matar vírus, bactérias e protozoários, mas se tiver produtos químicos esse processo é ineficaz. Apresentando esses sintomas por conta da contaminação, o ideal é procurar um médico para que seja prescrito uma medicação", lembra o infectologista.

FALTA ÁGUA NA BAIXADA

Desde o Natal, os moradores de Mesquita, na Baixada Fluminense estão passando por um sufoco. Sem uma gota de água na torneira há praticamente 13 dias, muitos estão precisando acordar de madrugada para fazer o abastecimento na caixa além de deixar uma quantidade no reservatório.

Moradora da rua José Dias Guimarães, no bairro Coreia, Rose Ferreira (38), é preciso pedir ajuda a vizinhos. "Antes do natal estamos já estávamos sem água. Fizemos reclamação, mas até agora nenhuma solução para o caso. Pegamos água com os vizinhos que tem cisterna e quem tem criança pequena passa um sufoco com esse calor", relata.

O que diz a Cedae?

Nota de Esclarecimento da CEDAE

- Após análises finalizadas nesta terça-feira (07/01), técnicos da Cedae detectaram a presença da substância Geosmina em amostras de água. A Geosmina é uma substância orgânica produzida por algas e que não representa nenhum risco à saúde dos consumidores. Desta forma, a água fornecida pode ser consumida pela população.

- A substância não oferece riscos à saúde, mas altera o gosto e o cheiro da água. O fenômeno natural e raro de aumento de algas em mananciais, em função de variações de temperatura, luminosidade e índice pluviométrico, causa o aumento da presença deste composto orgânico, levando a água a apresentar "gosto e cheiro de terra". Casos semelhantes ocorreram no Rio de Janeiro 18 anos atrás; em São Paulo, em 2008, e em municípios dos estados da Paraíba e do Rio Grande do Sul em 2018, por exemplo.

- Cabe informar que as amostras já analisadas na tarde desta terça-feira (07/01) na Estação de Tratamento do Guandu não apresentaram alteração quanto ao cheiro e ao gosto, estando dentro dos padrões. Ao longo do sistema, porém, a água ainda pode apresentar gosto e cheiro alterados em alguns locais. Por isto, a Cedae continuará monitorando todo o sistema de abastecimento ao longo da semana.

- Análises realizadas em unidades do macrossistema de abastecimento do Rio também estavam dentro dos indicadores estabelecidos pelas normas do Ministério da Saúde.

O que diz a Agenersa?

Comunicado

A Agência Reguladora de Energia e Saneamento Básico do Estado do Rio (Agenersa) comunica que abriu o Processo Regulatório E-22/007/003/2020 para acompanhar os procedimentos realizados pela Companhia Estadual de Águas e Esgotos (Cedae) para o correto e eficaz restabelecimento do abastecimento de água na Região Metropolitana, que desde o dia 06 de janeiro de 2020 apresenta mudanças na coloração, gosto e odor. A Companhia foi oficiada a se manifestar, e deve apresentar à Agenersa, em cinco dias, alguns esclarecimentos.

1. Informações sobre as inspeções realizadas nos bairros do Município do Rio de Janeiro de Paciência, Campos Grande, Santa Cruz, Olaria, Braz de Pina e Ramos, acerca das reclamações dos usuários quanto à qualidade da água distribuída;

2. Resultado das análises microbiológicas coletadas por técnicos de laboratório especializado e do Laboratório Municipal de Saúde Pública (LASP);

3. Resultado do monitoramento realizado em 100 pontos de água fornecida a unidades de saúde e de educação da Prefeitura do Rio em bebedouros, cozinhas e banheiros, bem como nos reservatórios de água de imóveis públicos;

4. Certificado das inspeções realizadas pelos técnicos sobre a higienização dos reservatórios e cisternas em geral, bem como a periodicidade do devido monitoramento;

5. Prazo para restabelecer o correto e eficaz abastecimento.

Essas informações embasarão decisão do Conselho Diretor no processo, pois a Agenersa determina, por meio de instrução normativa, que o fornecimento de água da Cedae atenda aos padrões definidos pelo Decreto Federal 5.440/2005 e Portaria do Ministério da Saúde 2914/2011, que regem o meio ambiente e a vigilância sanitária.

Caso a Companhia não se manifeste ou seja comprovada falha nos seus procedimentos que comprometa a qualidade da água fornecida e coloque em risco a saúde dos usuários, a Cedae pode ser penalizada.

Cabe informar que de acordo com o Decreto Estadual 45.344/2015, a regulação e fiscalização da Cedae por parte da Agenersa não abrange as questões relacionadas ao meio ambiente e à qualidade da água, por serem essas atribuições dos órgãos ambientais municipais, estadual e federal (art. 15 do Decreto 45.344). Mas, por meio de instruções normativas, a Agenersa fiscaliza indiretamente a qualidade da água fornecida pela Cedae, mantendo processo regulatório em instrução anualmente.

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