O ambiente para os servidores da Casa da Moeda do Brasil não está nada legal. Desde a última sexta-feira (10), quando Fábio Rito - diretor da instituição - disse sobre a crise que a instituição passa - os funcionários da estatal junto ao Sindicato Nacional dos Moedeiros tentam negociar um novo acordo trabalhista com a direção da Casa - incluída no programa de privatizações do Governo Federal -, mas as reuniões não acontecem.
Sem o desenrolar desta história, os trabalhadores vao se reunir junto a diretoria do sindicato nesta quinta-feira (15) para uma Assembleia Geral Extraordinária. Em pauta está a avaliação das negociações referente ao Acordo Coletivo de Trabalho 2020 como também os rumos do movimento e a discussão de uma nova contraproposta para o Acordo Coletivo de Trabalho 2020.
Na tarde desta terça (14), um grupo de funcionários ficaram de fora da fábrica em protesto pelo avanço nas negociações.
Sem garantias
Os trabalhadores da Casa da Moeda se reuniram na última segunda (13) em busca da manutenção das cláusulas sociais garantidas no acordo coletivo de 2019, entre elas o plano de saúde e auxílio transporte.
Além de todas as questões que permeiam a Casa da Moeda, como a privatização, os trabalhadores temem a perda de alguns benefícios. Listamos aqui alguns deles:
- Auxílio Creche;
- Alimentação;
- Auxílio de medicamentos;
- Seguro de vida;
O presidente do Sindicato anuncia que não há paralisação. "Não estamos e nem fizemos greve", informa. Em contrapartida, a Casa da Moeda disse que "a empresa e os funcionários passam por um momento de incertezas e preocupações", por causa de sua inclusão no Programa Nacional de Desestatização – PND, da MP nº 902/19, que retira da empresa a exclusividade na produção de cédulas, moedas, passaportes, selos postais e selos fiscais.
Segundo a estatal, foi feito acordos pela empresa e pelo Tribunal Superior do Trabalho, mas todas recusadas pelos empregados. Aluízio afirmou que "o Governo produz prejuízo na Casa para justificar a privatização", denuncia.
“Viola o Estado de direito”, afirma Salim Matar
O Secretário Especial da Desestabilização, Desinvestimento e Mercado, Salim Matar, afirmou em suas redes sociais que os protestos na Casa da Moeda do Brasil realizados na última sexta-feira (10) “violam o estado de direito e demonstram a falta de limites dos sindicatos”.
Salim disse ainda que a manifestação só é legítima quando é feita “de forma ordeira, civilizada e pacífica”. Ele ainda afirmou que esses quesitos não foram obedecidos pelos servidores durante o protesto.
“A direção da empresa precisou sair escoltada. Houve um claro abuso por parte dos funcionários, estimulados pelo sindicato”, afirmou o Secretário.
Salim Mattar foi convidado pelo Ministro da Economia Paulo Guedes para chefiar a pasta que trata do processo de privatização das estatais. O secretário trata de uma área estratégica na equipe de Guedes.
Na contramão do mundo
Em entrevista ao Portal Eu, Rio!, o presidente do Sindicato dos Moedeiros, Aluízio Júnior, destacou a importância da estatal. Países como Estados Unidos, Rússia, França, Alemanha e países considerados mais ricos têm suas estais como responsável pela produção de suas economias.
“A primeira avaliação que a gente tem, em relação ao plano econômico de Paulo Guedes e de privatização da estatal, é que estamos andando na contramão. As maiores potências do mundo econômico ou os países de maior população, em sua grande maioria, têm sua Casa da Moeda pública. É uma maneira de preservação da soberania monetária”, afirma.
“Não é fácil entender a proposta de privatizar a Casa da Moeda em uma forma estratégica ou política. Então, estão criando uma narrativa para privatizar a Casa, apesar de não ser essencial que desse lucro. Produzimos células para diversos países do mundo, inclusive doamos para o Haiti”, conta.
Na visão do presidente, a estatal é próspera e continua mantendo a soberania monetária do Brasil. “A Casa da Moeda fez muito durante esses 325 anos e tem muito mais a realizar pela população brasileira. Além disso, garantimos que os brasileiros viajem pelo mundo por conta da produção de passaportes, por termos segurança na emissão deste documento”, afirma.
“Rito disse que gasta 46% com pessoal, mas esqueceu de falar que, após a retirada do selo de controle da bebida em 2016, perdemos um faturamento de R$ 1,5 bilhão”, afirma Junior.