A milícia comandada pelo ex-policial militar Orlando Oliveira de Araújo, o Orlando da Curicica, atualmente preso na penitenciária federal de Mossoró (RN), deixou um rastro de homicídios pelo caminho. Além da morte de Rafael Freitas Pacheco Silva e pela tentativa de homicídio contra Raquel Ferreira da Costa, em novembro de 2015, ele é acusado de pelo menos mais cinco homicídios, de acordo com processos na Justiça e investigações policiais. Segundo a polícia, o bando de Orlando é suspeito dos assassinatos do PM José Ricardo da Silva e do ex-PM Rodrigo Severo Gonçalves em Guapimirim, na Baixada Fluminense, no dia 25 de fevereiro do ano passado.
De acordo com as investigações, os dois foram mortos em uma emboscada no sítio Vale das Pedrinhas, que seria de Orlando. Os corpos, no entanto, foram encontrados carbonizados em Brás de Pina, na Zona Norte do Rio. Os homicídios foram praticados porque Orlando acreditava que eles estavam tramando um golpe de estado contra ele.
Orlando foi acusado também de ser o mandante do assassinato de Carlos Alexandre Pereira Maria, vulgo ‘Cabeça’, assessor informal do vereador Marcello Siciliano. O crime ocorreu na noite do dia 8 de abril de 2018, na Estrada do Curumau, na Taquara, em Jacarepaguá.
O assassinato foi cometido em parceria com Diogo Maia dos Santos. A partir da ordem de ambos, a execução foi praticada por Ruy Ribeiro Bastos, Rondinele de Jesus da Silva e Thiago Bruno Mendonça. Estes quatro citados já estão denunciados.
O crime foi motivado pelo fato de ‘Cabeça’ ter divulgado em redes sociais que o denunciado Diogo Maia dos Santos seria o responsável pela morte de um indivíduo identificado como ‘Carrapa’.
Orlando Curicica também responde a processo por ser o suposto mandante da morte de Wagner Raphael de Souza, o Dadi, ocorrido no dia 7 de junho de 2015 na Estrada de Curicica, em Jacarepaguá. O crime foi cometido por motivo torpe pelo fato de Wagner ter alugado um terreno para um circo sem pedir a autorização de Orlando.
Um processo na Justiça cita como sendo o bando de Orlando o responsável pelos assassinatos de Luciano Galdino Carneiro, o Luky, que já havia trabalhado para seu grupo, e Márcio Frank o Babão. Os dois foram mortos porque atuavam na segurança de uma comunidade que Orlando queria invadir.
Segundo investigações, a milícia comandada por Orlando prestava um serviço de segurança forçado aos moradores e obtinha recursos financeiros de diversas atividades econômicas, lícitas ou ilícitas, como, por exemplo, de transportes alternativos (regulares ou irregulares), cobranças de ´taxas de proteção´, exploração de jogos ilegais, TVs por assinaturas irregulares, comércio ilegal de gás etc., sendo que as ações, em geral, são realizadas por meio de intimidação e graves ameaças, resultando, muitas vezes, em lesões corporais graves e homicídios. Orlando contava com policiais militares como seguranças de sua esposa e filhos.
Orlando Curicica é investigado por envolvimento no assassinato da vereadora Marielle Franco e de seu motorista, Anderson Gomes, ocorrido no dia 14 de março deste ano, no Estácio, na Região Central do Rio.
Curicica e o vereador Marcelo Siciliano foram apontados por um delator ouvido pela Delegacia de Homicídios da Capital (DH) como possíveis assassinos da política. Ele contou ter visto ambos em junho de 2017, durante um encontro em um restaurante, no Recreio dos Bandeirantes, na Zona Oeste, tramando a morte de Marielle.
Três integrantes do bando de Curicica foram apontados por uma testemunha chave como estando no carro usado no crime contra a vereadora.
Apesar dos vários homicídios em que é citado, Orlando só possui uma condenação até agora: de quatro anos por posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso restrito.