Para Paulo Ribeiro, choro de Neymar pode estar relacionado à Copa anterior

Dor pelas pancadas recebidas, frustração pelas chances desperdiçadas e raiva por causa das decisões do juiz. Nos acréscimos da partida, bola na rede, Brasil vencedor e, ao apito final, lágrimas. A partida desta sexta-feira, 22, contra a Costa Rica foi uma montanha-russa de emoções para Neymar.

O desequilíbrio emocional da Seleção Brasileira na Copa de 2014 ainda está fresco na memória do torcedor. Choro na hora do Hino, choro em comemoração de gol, choro antes da disputa de pênaltis contra o Chile e isolamento do então capitão Thiago Silva.

Em entrevista ao Portal Eu, Rio!, o psicólogo do esporte Paulo Ribeiro, ex-Flamengo, não demonstrou grande preocupação com o estado emocional do camisa 10 e vê o ocorrido como razoável, por tudo que Neymar passou durante a semana.

"Não vejo problemas no choro com a vitória. Era final de jogo, com resultado positivo, e ele tinha essa coisa presa no peito. Muito se falou dele durante a semana, se ia jogar ou não, se estava machucado, e o quanto. Enfim, comportamento razoável pra partida com vitória", disse o psicólogo,que já trabalhou com grandes estrelas do futebol,.

Ribeiro acredita que o choro possa estar relacionado ainda com o Mundial de 2014. Na partida mais importante daquele campeonato, a semifinal contra a Alemanha, o jogador não pôde entrar em campo, pois estava lesionado.

"Sem sombra de dúvidas, ele não conseguiu mostrar seu futebol em 2014."

Por ser o jogador mais habilidoso e de maior fama, as críticas a Neymar são enormes quando a Seleção Brasileira não vai bem. Seria exagerada toda essa carga negativa em cima do jogador? Paulo deu seu parecer sobre a questão.

"Não acho exagerada. Acho comum para quem se projetou como craque e precisa saber lidar com essa cobrança, que ainda será muito longa. Venderam a ideia de que ele era o cara, e as pessoas compraram. Hoje, essa cobrança já deveria ser normal para ele."

A vida pessoal de Neymar é bem agitada. Festas, "os parças", idas e vindas com Bruna Marquezine. Muitas vezes os excessos extracampo do camisa 10 brasileiro dão margem para mais críticas. O psicólogo acredita que as cobranças são proporcionais à fama que ele tem.

"Futebol é paixão, e o torcedor acha que a vida pessoal do jogador influencia em sua performance. E, de certa forma, se não cuidar, influencia, sim. Mas também acho que todos devam ter suas formas de relaxar. Porém, essa cobrança é proporcional à fama."

Paulo esclareceu até que ponto ser uma pessoa midiática pode atrapalhar um jogador no cumprimento de suas obrigações.

"Depende de como o famoso lida com seu planejamento diário, como lida com suas obrigações, deveres, etc. Se conseguir administrar bem, tudo vai bem. Mas se coloca um em prejuízo do outro, aí danou-se."

No decorrer de sua carreira como psicólogo do esporte, Paulo Ribeiro trabalhou com figuras controversas no futebol, como Adriano, Petkovic, Ronaldinho Gaúcho, dentre outros. O profissional diz ser impossível responder se Neymar faz parte deste grupo.

"É impossível definir algumas pessoas. No máximo, temos algumas ideias sobre elas; mesmo assim, quando as conhecemos - o que não é meu caso com relação ao Neymar", encerrou.

(FOTO: Arquivo pessoal)