Um grupo de mais de 100 brasileiros está em Portugal, mas não conseguem voltar para o Brasil devido as medidas adotadas pelo país português por conta do novo coronavírus. Muitos já foram no consulado, falaram com o Itamaraty, porém não obtiveram respostas. Neste grupo, há crianças, idosos e estudantes. Nenhuma das autoridades brasileiras conseguiu resolver o problema.
Tudo começou no dia 15 de março, quando o governo decretou estado de emergência, ficando aberto somente mercados e farmácias. Segundo relatos, o Consulado se absteve do caso e ajudou somente com 30 euros. A embaixada brasileira, por sua vez, avisou que não poderia fazer nada já que não teria uma resposta do Itamaraty.
A situação ficou ainda mais dramática. Muitos não tinham dinheiro para ficarem hospedados e o preço das passagens também cresceram exponencialmente. E para tentar reverter o quadro, uma das pessoas presentes, a biomédica e professora de mestrado, Janaina Galhardi, participou ativamente para tentar ajudar todos que sofreram.
"Passamos inúmeras listas para o Itamaraty, pedimos ajuda a um deputado federal, que ajudou no que pode, mandamos lista para o Consulado informando a quantidade de brasileiros no Porto, que não época eram 127. Sem o retorno do governo, pedimos ajuda financeira no Brasil para os amigos, conhecidos. Assim, conseguimos ajudar as pessoas com comida, remédios, e até uma passagem aérea para um rapaz que estava no limite do desespero", disse ao Portal Eu, Rio!
O caso começou a repercutir na imprensa. Com isso, a Embaixada do Brasil-Portugal tomou uma atitude e enviou 20 táxis para essas famílias, que dormiram na porta do aeroporto na noite da última quarta-feira e foram levadas para um hostel e, no momento, há 20 brasileiros em Porto, mas os bilhetes foram cancelados e sem previsão de retorno. Em Lisboa, há 63 brasileiros, que estão alojados e recebendo os devidos cuidados.
Janaina irá retornar no sábado, mas segundo ela a passagem foi caríssima. Fora isso, ela destacou a conscientização da população portuguesa.
"A população está bem consciente, não vê ninguém nas ruas. Há o toque de recolher e as pessoas (brasileiras) estão assintomáticas... Praticamente, os portugueses estão evitando que doença atinja o seu pico agudo"
Jovenílson, da cidade do Bom Jardim Norte, Espírito Santo, está na mesma situação. Duas viagens já foram canceladas, tentou entrar em contato com a empresa, porém sem sucesso. Além dele, Ana Costa, de Recife, está na casa de familiares e tinha retorno marcado para o dia 19 de março, porém também recebeu comunicado de que a viagem estaria cancelada.
"Nós estamos implorando. Temos nossas vidas, eu, por exemplo, tenho meu marido, de 72 anos, grupo de risco, com diabete, que necessita que eu volte para protegê-lo do coronavírus. Espero que as autoridades brasileiras entenda que nós somos brasileiros também" afirmou Ana.
Em comunicado por meio das redes sociais, o Itamaraty garante que segue buscando soluções, junto ao Consulado de Lisboa, para os brasileiros retidos no exterior devido ao coronavírus.