Autor de sucessos como É Preciso Muito Amor, na voz da madrinha Beth Carvalho, Noca da Portela, 88 anos, está tendo que evitar por um tempo os pagodes que o consagraram, nesses tempos de quarentena. Mesmo assim, longe das quadras e da sombra das árvores, o veterano compositor mantém o pique, e participa da campanha contra a pandemia da Covid-19 da forma que melhor pode colaborar: fazendo samba. Pelas redes sociais, Noca manda seu recado com o samba Aviso, parceria com o neto Diogão. 'Xô, Xô, Corona, Xô! Vamos vencer essa luta/com a graça de Deus/E na força da Fé!', diz o refrão, depois de apelos para lavar as mãos e manter distância segura das outras pessoas.
Com parceiros de várias gerações do samba, de Picolino da Portela, Bira Presidente (do Cacique de Ramos) e Dona Ivone Lara ao neto Diogão, passando por Mauro Duarte e Délcio Carvalho, o alvinegro Noca tem uma longa carreira, iniciada aos 15 anos. Debutou ns rodas na Escola de Samba Unidos do Catete, vencedora do carnaval com o samba-enredo "O Grito do Ipiranga", sua primeira nota dez. Permaneceu na Ala dos Compositores desta escola por mais três anos.
O pai, o professor de violão Ernesto Domingos de Araújo, não o incentivou a seguir a carreira artística, preocupado com o futuro financeiro do filho. Morou em São Cristóvão, onde conheceu a sua futura esposa, Conceição, musa de suas músicas românticas, como ele próprio faz questão de ressaltar. Ex-militante do PCB, ex-feirante, também produtor musical da gravadora RCA Victor. Estudou violão e teoria musical na Ordem dos Músicos do Rio de Janeiro. Em 2004 apresentou um programa de samba na Rádio Viva Rio, no Rio de Janeiro, logo depois extinto.
Seu filho, Noquinha da Caprichosos, segue os passos do pai como compositor de sucesso. No ano de 2006, a convite da então governadora Rosinha Mateus Garotinho, assumiu a Secretaria da Cultura do Estado, tendo como um de seus assessores o parceiro e também músico Riko Dorileo.