O Ministério da Saúde destinou R$ 140 milhões para a construção do Centro Hospitalar Fiocruz para a Pandemia da Covid-19 em implantação no Rio de Janeiro (RJ) com verbas de R$ 140 milhões irá além do atendimento a pacientes infectados com a Covid-19 em estado grave. Neste novo espaço, também serão realizadas ações do ensaio clínico Solidariedade (Solidarity), da Organização Mundial da Saúde (OMS). A iniciativa, que receberá investimento de R$ 4 milhões do Ministério da Saúde, tem o objetivo de investigar a eficácia de quatro tratamentos para a Covid-19. A construção do Centro, um Hospital de Campanha com 200 leitos semi-intensivos e UTIs, foi antecipada pelo Eu, Rio! (https://eurio.com.br/noticia/12741/covid-19-fiocruz-tera-hospital-com-200-leitos-e-respiradores-artificiais-para-pacientes-graves.html)
Entre eles, está a cloroquina, princípio ativo contra a malária, que o presidente Jair Bolsonaro determinou a duplicação da produção pelo Laboratório Farmacológico do Exército. O remédio vem sendo testado na França, na China e nos Estados Unidos, sempre no chamado uso compassivo, para pacientes que não respondem a outros tratamentos com menos efeitos colaterais. As notícias de um sucesso em um experimento em Stanford e a entrevista de um infectologista francês apontando um derivado da cloroquina como o 'futuro do combate à Covid-19) provocou uma corrida às farmácias. O fenômeno provocou o sumiço dos remédios, com sérios riscos e prejuízos para doentes crônicos de lúpus e artrite reumatoide, entre outras doenças graves. Com isso, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária tornou o medicamento de uso controlado, obrigando a retenção de cópia de receita médica pelo vendedor.
O espaço contará com 200 leitos exclusivos de tratamento intensivo e semi-intensivo para pacientes graves infectados pelo coronavírus. A presidente da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Nísia Trindade, reforça que a instituição está comprometida em auxiliar o Sistema Único de Saúde (SUS). “A unidade hospitalar se somará aos esforços dos governos estadual e municipal para ampliação do acesso a leitos de UTI e ventilação mecânica, reduzindo a sobrecarga no sistema de saúde e, com isso, a letalidade da doença”, informou.
A OMS lançou o ensaio clínico Solidariedade (Solidarity) que pretende investigar a eficácia de quatro tratamentos medicamentosos para a Covid-19 e será implementada em 12 estados brasileiros, com o apoio do Ministério da Saúde e sob a coordenação da Fiocruz. Apenas pacientes internados poderão participar do estudo e terão que assinar um termo de consentimento.
Inicialmente, será testada a eficácia de quatro medicamentos para o tratamento da Covid-19: a cloroquina, o Remdesivir, a combinação de liponavir e ritonavir, isolado ou combinado ao Interferon Beta 1a. Apesar de ter quatro linhas de tratamento definidas, uma das premissas do estudo é que ele seja adaptável, ou seja, caso surjam novas evidências, as linhas podem ser adequadas, com descontinuação de drogas que se mostrem ineficaz e incorporação de medicamentos que venham a se mostrar promissores.
Nesse tipo de estudo, uma comissão central tem acesso a todos os dados e faz análises durante todo o processo, evitando que os pacientes sejam expostos a drogas ineficazes ou com toxicidade elevada. O estudo será implementado em 18 hospitais de 12 unidades da Federação: Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro, Mato Grosso do Sul, Bahia, Pernambuco, Fortaleza, Pará, Amazonas e Distrito Federal.
A construção do Centro Hospitalar Fiocruz será dividida em duas etapas, a primeira levará 40 dias e contará com 100 leitos, sendo 50 para tratamento intensivo e 50 para semi-intensivo. A expectativa é de que, ao final de dois meses, toda a obra, com o total dos 200 leitos, já esteja concluída.
Todos os leitos do Centro terão isolamento para infecções por aerossóis (partículas leves que ficam suspensas no ar) e serão operados em condição de assistência para pacientes em alta complexidade. A unidade hospitalar contará também com um sistema de apoio diagnóstico para todos os exames necessários, incluindo os de imagem, como tomografia computadorizada. O novo Centro Hospitalar funcionará como um centro de referência, não oferecendo atendimento à demanda espontânea do estado. O acesso se dará pelo sistema de regulação do Estado do Rio de Janeiro.
O Centro Hospitalar para a Pandemia de Covid-19 contará ainda com uma força de trabalho extra, conforme noticiado pelo portal Eu, Rio!. (https://eurio.com.br/noticia/12780/fiocruz-abre-mais-de-mil-vagas-de-emprego-na-area-de-saude.html) A Fundação para o Desenvolvimento Científico e Tecnológico em Saúde (Fiotec) convocará profissionais para trabalhar na nova iniciativa. Nesta primeira fase serão cerca de 600 vagas para médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem e fisioterapeutas. Em um segundo momento, serão convocados também nutricionistas, psicólogos, assistentes sociais e especialistas como cardiologistas e nefrologistas, e profissionais de apoio administrativo. As inscrições já estão abertas e os profissionais podem se inscrever para participarem do processo seletivo até o próximo dia 3 de abril.