Com a chegada do novo coronavírus no estado do Rio de Janeiro algumas mudanças restritivas, inclusive no comércio, foram aplicadas para conter o crescimento de casos. O especialista em finanças em investimentos, Ivo Brandão, prevê que a suspensão das atividades econômicas do estado irá impactar diretamente no Produto Interno Bruto (PIB). Além disso, o professor em mercado financeiro alerta que é hora de cortar despesas e evitar utilizar a poupança.
Já os economistas do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) apontaram que haverá uma queda de 0,4% de crescimento no Produto Interno Bruto (PIB) de 2020 do país, considerando o tempo de isolamento social até o final de abril. Caso a quarentena se estenda para junho, o indicador sofrerá retração de -1,8%.
Em entrevista ao Portal Eu, Rio!, Ivo Brandão destacou alguns pontos que precisam ser considerados neste fase que o estado passa.
Corre o risco da economia entrar em colapso mesmo, como muitos têm dito?
Entramos em recessão. O resultado da produção econômica em 2020 será negativo. No entanto, podemos ter um ano de 2021 de forte recuperação. Dependemos da extensão do período da quarentena das medidas de contenção da crise - quanto maior, pior para a economia - e retomada da confiança do consumidor. Efeitos irreversíveis na economia podem acontecer se tivermos um período prolongado de quarenta. 90 dias ou mais, seria algo desastroso.
Como a quarentena afeta a economia da cidade e o bolso do cidadão?
- É como se tivéssemos apertado o botão desliga da economia. A suspensão da atividade econômica acarretará em um número de crescimento para a economia do RJ bastante negativo. Muitas empresas faturando 20% do que faturavam em tempos normais. O cidadão será afetado diretamente pela suspensão da atividade econômica, seja no seu trabalho(muitas empresas demitindo pessoas para conter despesas, suspendendo novos investimentos) ou na atividade praticada(informais e autônomos viram a demanda por seus produtos ou serviços cair muito em relação ao que era antes, até mesmo alguns cair a 0%, não venderem nada).
Muitas pessoas economizam suas rendas, geralmente na poupança. Essa é hora de resgatar esse dinheiro e utilizar? Ou continuar economizando para usar em momento de maior dificuldade?
É hora de economizar. Em tempos de crise, economizar é palavra de ordem. O ideal é ser prudente e preparar-se para um longo período de quarentena. Não utilize toda a sua economia, poupança, de uma vez. Corte todas as despesas que não sejam realmente indispensáveis. Desta forma, estará mais preparado para passar por este momento.
Como fica a economia da nossa cidade e do estado do Rio de Janeiro?
Assistimos a completa paralisação da atividade econômica no estado e cidade do Rio de Janeiro. Cinemas, teatros, bares e restaurantes fechados. O turismo, atividade importante para a cidade do Rio também paralisado. É uma situação inédita e ainda não conseguimos expressar em números o impacto do coronavírus. Certamente teremos um grande impacto no crescimento econômico do estado do Rio de Janeiro. Difícil não projetar um PIB negativo para o ano de 2020.
Quais medidas os governos (federal, estaduais e municipais) devem adotar para não entrar numa possível recessão?
Em 2020 teremos um PIB negativo. Ainda difícil estimar quanto, mas a contração da atividade econômica será grande. Tecnicamente, dois trimestres de crescimento negativo caracterizam uma recessão e isso muito provavelmente irá acontecer. Medidas de estímulo fiscal e monetário devem ser adotadas neste momento para amenizar o efeito da quarenta na economia. Oferecer linhas de crédito especiais, principalmente para pequenas empresas e profissionais autônomos, postergação/parcelamento de impostos, ampliação de benefícios sociais (como o auxílio emergencial de R$ 600,00 do Governo Federal). Todas estas medidas estão na direção correta e ajudam a diminuir os efeitos da crise.
E se a quarentena durar mais tempo do que o previsto, como fica?
Não sabemos quanto tempo durará de fato a quarentena, mas quanto maior o tempo, maior o impacto na economia. E não podemos esquecer, que precisamos da retomada da confiança do consumidor para a volta da economia. É normal em tempos de insegurança, o consumidor reduzir gastos e consumir menos, como forma de proteger-se da crise. Após o fim da quarentena, ainda devemos ter um período de menor consumo por parte das pessoas até a confiança ser retomada.