Apesar de toda a rejeição popular do presidente Michel Temer, que beira os 80% e do ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles não passar de 1% nas pesquisas eleitorais realizadas até o momento, o MDB insiste na candidatura própria e vai lançar o ex-capitão da economia do atual governo na disputa pelo Palácio do Planalto. A convenção nacional do partido será hoje, às 10h30, no Centro Internacional de Convenções do Brasil, em Brasília (DF).
“Quero ser candidato à Presidência da República para que os brasileiros voltem a acreditar na sua capacidade de crescer e de construir um país melhor. O Brasil está cansado da briga de extremos de esquerda e direita que querem nos levar a um passado que deu errado. Os altos índices de indecisos nas pesquisas mostram que o eleitor desconfia, com razão, dessas alternativas ultrapassadas”, afirmou Meirelles, em texto divulgado por sua assessoria.
Na convenção, o emedebista vai apresentar as diretrizes do seu programa de governo. Segundo a sua assessoria, este destaca como prioridades investimentos em educação, saúde e segurança pública, além de reforçar o programa Bolsa Família - lançado na gestão do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e mantido por Temer – e desburocratizar o ambiente de negócios.
No evento, o ex-ministro da Fazenda defenderá um pacto pela confiança na governabilidade e mostrará resultados não apenas na Fazenda, como também no comando do Banco Central, no qual esteve à frente durante os oito anos do Governo Lula.
Em busca de mais apoios à sua candidatura, o pré-candidato do MDB se encontrou na última terça-feira com presidentes de convenções da Assembleia de Deus, tentando pegar um segmento que até então vinha apoiando a pré-candidata da Rede, a ex-senadora Marina Silva.
A última vez que o MDB teve candidatura própria a presidente foi nas eleições de 1994, com o ex-governador de São Paulo Orestes Quércia. Confiante, Meirelles acredita que a partir de agora a sua candidatura irá crescer. “No momento em que for confirmada a candidatura pelo MDB, terá um impulso muito grande e, depois, quando mostrarmos na televisão a proposta de que a candidatura é oficial, é forte e tem o apoio do partido no Brasil inteiro. Eu tenho uma história em que tive oito anos no Governo Lula e o Brasil cresceu muito, criou emprego e vamos mostrar o meu papel. Tiramos o Brasil, agora no governo do presidente Temer, da maior recessão da história e criamos empregos. Tudo isso faz com que nós tenhamos condições de, aí sim, termos um deslanche grande na candidatura”, afirmou Meirelles.
Para conseguir a aprovação de sua candidatura, ele precisa de pelo menos mais da metade mais um dos votos dos 600 delegados da legenda na convenção nacional. Enfrentará a campanha contra do senador Renan Calheiros (AL), aliado de Lula e que prefere que a legenda tenha liberdade para fazer alianças regionais.
Outra dificuldade é justamente formar uma coligação. Partidos da base de apoio do Governo Temer, como o Solidariedade, o DEM, PP, PR e PRB anunciaram no último dia 19 apoio ao pré-candidato do PSDB, o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin.
Em carta aberta aos emedebistas divulgada na última terça-feira, Temer demonstrou apoio à candidatura de seu ex-ministro.
“O chamamento do MDB a Meirelles é a busca de se unir a boa política com a eficiência econômica. É o encontro do Brasil com um futuro melhor. (...).Ao chegar ao governo, mais recentemente, levamos adiante um programa baseado no documento Ponte para o Futuro. Aplicamos tudo aquilo que estava nesse documento do MDB. Vocês se recordam: fizemos inúmeras reuniões e várias sugestões, propostas e ideias foram incorporadas ao documento. Chegamos ao poder para aplicar um programa, coisa que há muito havia sido abandonada na política nacional. E isso foi feito. (...)Faço um alerta: nós não precisamos de salvadores da pátria, inventores da roda. Precisamos de alguém experiente que saiba o que fazer. E o Meirelles sabe. Já provou isso”, disse um trecho da carta, lembrando as realizações do partido desde a redemocratização do país até hoje.