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Mais de 13 milhões de pessoas estão desempregadas no Brasil

Desemprego chegou a 12,4% no trimestre encerrado em junho. Empreender pode ser uma saída, diz especialista

Por Marcos Nahmias em 02/08/2018 às 10:24:43

Segundo IBGE, são 13 milhões de brasileiros desempregados (Foto: Pedro Ventura/Agência Brasil)

O desemprego no Brasil foi de 12,4% no trimestre de abril a junho de 2018, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Pesquisa (IBGE), nos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua. Isso representa uma queda de menos 0,7% em relação ao trimestre de janeiro a março deste de 13,1%. Apesar de uma pequena redução, o Brasil continua com 13 milhões de pessoas desempregadas, o que recuou menos 723 mil pessoas sem emprego em relação ao trimestre anterior de 13,7 milhões.

Estes valores consideram apenas aquelas pessoas que não trabalham, mas procuraram emprego no período em que responderam à pesquisa. É o caso da jornalista e fotógrafa Aline Ricciardi Carneiro, 37 anos, que continua há 7 anos sem trabalho com carteira assinada e a procura de emprego.

"As vezes me questiono se ainda há emprego neste país. Sou brasiliense, saí da minha terra com 19 anos, morei em Natal durante 17 anos e estou há um ano e 10 meses morando no Rio de Janeiro atrás de oportunidades de emprego e nada. Nestes últimos meses, venho passando algumas necessidades em casa. Sem poder ajudar em casa, financeiramente falando, o que a minha mãe ganha enquanto aposentada, nem sempre cobre as despesas mensais", diz Aline.

Aline Ricciardi tem buscado alternativas (Arquivo pessoal)

Alguns Dados da PNAD Contínua

O número de empregados sem carteira de trabalho assinada de 11 milhões no setor privado cresceu 2,6%, mais 276 mil pessoas, em relação ao trimestre anterior. Em relação ao mesmo trimestre de 2017, houve alta de 3,5%, ou mais 367 mil pessoas.

Já o número de empregados com carteira de trabalho assinada de 32,8 milhões no setor privado ficou estável frente ao trimestre anterior de janeiro a março de 2018. Comparando com o mesmo trimestre de 2017, houve queda de menos 1,5%, ou seja, menos 497 mil pessoas.

A categoria dos trabalhadores por conta própria de 23,1 milhões de pessoas) ficou estável em relação ao trimestre anterior (janeiro a março de 2018). Em relação ao mesmo período de 2017, houve alta de 2,5%, ou mais 555 mil pessoas.

Análise de Especialistas

Os dados do governo não incluem pessoas que apesar de não trabalharem não buscavam emprego no mês em que foram consultadas. Se incluirmos estas pessoas, chegamos a um total assustador de 65,6 milhões de brasileiros fora do mercado de trabalho. Esta parcela da população não possui renda e contribui para o agravamento da crise econômica.

"A queda de desempregados de 0,7% é muito pequena, mas, para um cenário de pós-recessão, podemos considerar como um fato positivo, uma vez que o desemprego crescia e hoje está reduzindo mesmo que em baixa escala. Se analisarmos em face à economia do país, é muito pouco, mas demonstra uma reação positiva do mercado de trabalho", explica Alessandro Azzoni, professor especialista em economia.

Uma das explicações a esse ritmo lento de crescimento se dá por motivo da recessão passada onde as empresas foram obrigadas a se adequarem às novas realidades de mercado, em que postos de trabalho foram extintos e outros foram adicionados às funções e até substituídos por processo de automatização.

Segundo o especialista, novos postos de trabalho só serão criados quando estas empresas, que demitiram e acumularam funções aos postos existentes, passarem a uma situação de sobrecarga de seus funcionários. Assim, a economia poderá crescer mais rápido do que a redução do desemprego.

Arte: PATRICIA GALVES DEROLLE

Como empreender na crise econômica

Outro ponto que chama atenção nesta pesquisa é o número de pessoas que está buscando formas alternativas de geração de renda. Foi estimado em 37 milhões o número de pessoas que trabalha na informalidade. Este fato se deve à dificuldade de arcar com os custos da abertura de uma empresa e também ao fato de muitos destes empreendedores não se reconhecerem neste papel.

A mentora de pequenos negócios, Maria Cristina Bernardo, afirma que muitas pessoas estão buscando abrir um negócio por necessidade com o objetivo de substituir ou complementar o salário de um emprego formal.

"Não há nada necessariamente nada de errado neste tipo de iniciativa, mas é importante que estas pessoas busquem uma preparação adequada para que não fracassem na sua tentativa e prejudiquem ainda mais a sua situação financeira".

Em um cenário de crise, além da escassez de vagas, aumenta a fragilidade de muitos grupos de profissionais empregados como moradores de bairros mais distantes e pessoas com idade mais avançada. As mulheres, por sua vez, têm sua posição no mercado ainda mais fragilizada, seja pela possibilidade de engravidar e ou por já serem mães com filhos pequenos.

Começar a empreender é então uma das saídas encontradas pelas mulheres que não têm expectativa de retomar a função que exerciam anteriormente.

"Muitas mulheres acabam aproveitando o momento do desemprego para irem em busca de uma nova oportunidade de carreira, transformando suas habilidades em negócio, comenta a mentora".

Segundo dados do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae/RJ), no primeiro trimestre de 2018, houve um aumento no número de mulheres que procurou a instituição. Em 2015, o atendimento de mulheres era de 50%; em 2018, passou para 55%, ou seja, até agora mais de 33 mil procuraram orientações, cursos e aprimoramento no espaço.

Essa transição de desempregada a empreendedora, no entanto, não é fácil. Para que o novo negócio tenha bons resultados e seja uma nova fonte de geração de renda é preciso planejamento e estudo. "Se bem orientadas, essas mulheres empreendedoras podem transformar um negócio criado por necessidade em uma possibilidade de alcançar sua independência financeira e proporcionar a realização profissional que não foi conquistada no emprego", afirma Maria Cristina Bernardo.

O registro de Micro Empreendedores Individuais (MEI) foi de 180.146 só em janeiro deste ano, no Brasil. Isso representa 85,7% do total de 210.135 novas empresas constituídas no período, demonstrando que o empreendedorismo pode ser a saída para a situação de desemprego no país.

O que representam esses dados da PNAD para a economia do Brasil

A PNAD Contínua busca traçar um paralelo entre as características demográficas e sociais X a população mercado de trabalho. Os dados buscam demonstrar como a política econômica está afetando o fluxo circular da renda.

Ou seja, o dinheiro está girando entre as famílias e as empresas, quanto mais pessoas estão trabalhando maior concentração de recursos na mão das famílias que irão consumir produtos e serviços das empresas. Com esse aumento de renda, as empresas precisam produzir mais e, por consequência, contratar mais, fazendo com que o fluxo circular da renda se movimente.

Com o cenário da PNAD, podemos verificar quantas pessoas retornaram ao mercado de trabalho e ingressaram no fluxo circular da renda, assim sendo 723 mil pessoas adentraram a esse fluxo, o que estimula um crescimento pequeno no consumo de produtos e serviços, e 13 milhões permaneceram fora.

 

 

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