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Fiocruz recomenda lockdown urgente na Região Metropolitana do Rio

Sem plano de bloqueio total, Estado sofrerá agravamento da insuficiência de leitos, com 'sofrimento e morte para milhares'

Por Portal Eu, Rio! em 06/05/2020 às 22:29:37

Sem restrições de horário mesmo a serviços essenciais, o gradativo aumento da circulação das pessoas pode acelerar contágio da Covid-19 e levar a um período prolongado de escassez de leitos e insumos.

A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) considera urgente a adoção de medidas rígidas de distanciamento social e de ações de lockdown no estado do Rio de Janeiro, em particular na região metropolitana, visando à redução do ritmo de crescimento de casos e a preparação do sistema de saúde para o atendimento adequado e com qualidade às pessoas acometidas com as formas graves da Covid-19. A conclusão consta em relatório ao Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ), em resposta à solicitação realizada em 3 de maio.

O documento foi encaminhado ao MPRJ na manhã de quarta-feira (6/5), um dia após a entrega pelo Ministério Público de uma recomendação ao governador do Estado, Wilson Witzel, para que implemente um plano de bloqueio total (lockdown) visando desacelerar o ritmo do contágio da Covid-19. O relatório consolida um posicionamento da Fiocruz a respeito da adoção de medidas rígidas de isolamento social no âmbito territorial do estado do Rio de Janeiro.

Os especialistas da instituição projetam que, caso não sejam tomadas medidas mais rígidas de distanciamento social no estado do Rio de Janeiro, haverá um agravamento da situação epidemiológica e de insuficiência de leitos no mês de maio de 2020, que pode se prolongar e levar a um número expressivo de mortes que poderiam ser evitadas. Os dados do Sistema de Regulação de Consultas e Internações Hospitalares (Sisreg) revelam 1.163 pacientes graves à espera de leitos, sendo 378 deles para Unidades de Terapía Intensiva (UTI).

Textualmente, a Fundação adverte que "Frente ao agravamento do cenário da pandemia, com o gradativo aumento de circulação de pessoas nas últimas semanas, a não adoção de medidas imediatas de lockdown pode levar a um período prolongado de escassez de leitos e insumos, com sofrimento e morte para milhares de cidadãos e famílias do estado do Rio de Janeiro".

Em favor das medidas mais duras de distanciamento social, o relatório sustenta que "O Estado do Rio de Janeiro é um dos que apresenta situação mais crítica no país". Os técnicos da Fundação lembram eu o RJ foi o segundo estado da federação a ter casos confirmados e transmissão comunitária. Desde então, ainda de acordo com o documento, o ritmo de crescimento dos casos e óbitos tem sido acelerado. Com isso, a epidemia se agrava no entorno metropolitano do município do Rio de Janeiro, atingindo um número crescente de cidades no interior do estado. "Em meados de abril de 2020, já se projetava o alto risco de propagação da epidemia a partir da região metropolitana para os demais municípios do estado, " constata o relatório.

Segundo o documento, as medidas de lockdown devem ser adequadas às realidades epidemiológicas e dos sistemas de saúde das diferentes das cidades do estado sem que, no entanto, sejam implantadas de forma isolada. Para eles, elas devem considerar não somente o número registrado de casos e óbitos, mas principalmente a tendência da epidemia em cada região do estado, a disponibilidade de leitos e equipamentos, a adequação do quadro de profissionais de saúde, bem como a adesão dos cidadãos e dos estabelecimentos comerciais e industriais a estas medidas.

O relatório considera ainda a importância de intensa articulação das diferentes esferas de governo para a implantação dessas medidas rígidas de isolamento no estado e da adoção de medidas de apoio econômico e social às populações vulneráveis, particularmente as que dependem de trabalho informal ou precário, bem como suporte a pequenas empresas que geram empregos e podem sofrer grande impacto da pandemia.

Caso não sejam tomadas medidas mais rígidas de distanciamento social no estado do Rio de Janeiro, especialistas projetam um agravamento da situação epidemiológica e de insuficiência de leitos no mês de maio de 2020, que pode se prolongar e levar a um número expressivo de mortes que poderiam ser evitadas. A Fiocruz cita projeções da Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) apontando o Rio de Janeiro como um dos estados em que a carência de leitos e de Unidades de Terapía Intensiva seja mais grave, caso mantida a evolução atual dos casos.

A Fiocruz entende que a medida de lockdown, adotada em países com evolução acelerada da pandemia, será fundamental para a contenção do crescimento dos casos em variados contextos, de forma a permitir que o sistema de saúde consiga atender às pessoas com formas graves e evitar mortes desnecessárias.
Medidas mais rígidas de confinamento (lockdown total ou parcial) foram adotadas em vários países (China, Itália, Espanha, Reino Unido, França, Alemanha, entre outros) como estratégia para desacelerar o crescimento da curva de casos com COVID19, com o objetivo de manter a demanda aos serviços hospitalares e de cuidados intensivos compatíveis com a oferta. Adotar o lockdown tardiamente, a exemplo do Reino Unido, resultaria em uma catástrofe humana de proporções inimagináveis para um país com a dimensão do Brasil.

Por fim, essas medidas mais incisivas de distanciamento social, como o lockdown, devem ser estruturadas de maneira a considerar uma continuidade ao longo do tempo. Possivelmente, essas medidas serão acionadas e repetidas durante um longo período, já que, até o presente momento, não há perspectiva de término desta situação de crise sanitária e humanitária nos próximos 18 a 24 meses. Essa advertência reflete as projeções da Universidade de Harvard, um dos principais centros de pesquisa médico-sanitária do planeta.

O relatório é concluído em termos enfáticos : "Como parte de seu compromisso com a vida, com o Sistema Único de Saúde e com a saúde da população, a Fiocruz não apenas recomenda, mas defende a adoção urgente de medidas rígidas de distanciamento social no estado do Rio de Janeiro para que se possa responder ao grande desafio de uma crise de dimensões sanitária e humanitária e salvar o maior número de vidas possível".

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