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Carros e móveis puxarão fila da reabertura das lojas no Rio

Crivella anuncia 'regras de ouro' para volta dos negócios, com máscaras e distância de dois metros entre clientes. Cidade tem 2.181 mortes e 22.466 casos confirmados

Por Portal Eu, Rio! em 25/05/2020 às 21:56:59

Prefeitura não definiu datas, mas anunciou regras para reabertura de lojas, que começará por concessionárias de carros e lojas de móveis Foto Agência Brasil

Animado com a perspectiva de entrada em operação de todos os leitos previstos no Plano de Contingência da Covid-19, o prefeito Marcelo Crivella informou que já nesta semana começará a divulgar os protocolos das chamadas "regras de ouro", com orientações dos órgãos de controle sanitário a empresas dos setores regulados da economia. Isso para que esses segmentos já possam se preparar para retomar suas atividades futuramente.

Durante entrevista à imprensa no Riocentro, onde funciona o gabinete de crise, Crivella explicou como a Prefeitura planeja o retorno gradual às atividades. Esse planejamento está sendo feito com suporte da comunidade científica e também de empresários, segundo o prefeito. A cidade acumula 22.466 casos confirmados de Covid-19 e 2.831 mortes pela doença.

Crivella não falou em volta às aulas, previstas pra 8 de junho no plano descartado como 'fke news' por ele no sábado, 23/5. O prefeito citou como exemplos de segmentos que poderão retornar primeiro os de lojas de venda de móveis e o de concessionárias de carros, porque não geram aglomeração.

- A expectativa nossa é abrir aos poucos: lentamente, gradualmente. Não temos expectativa de fechar mais, de impedir mais atividades. Há um otimismo em nós todos. Há um alento, porque temos tido muitas altas nos hospitais. Nós dominamos a pandemia, não entramos no caos. Graças aos equipamentos que vieram, e esta semana estão chegando mais respiradores, temos tranquilidade para poder abrir as atividades com leitos suficientes para atender a todos que precisarem - declarou o prefeito.

O trunfo da Prefeitura para prever esta normalização gradual ao longo de junho, mesmo com especialistas chegando a recomendar o lockdown nas próximas duas semanas, é a abertura de vagas em UTI. A fila de espera recuou pra 201 pessoas, em parte pelas medidas de isolamento social, em parte pela abertura de hospitais de campanha.

Ainda esta semana, a previsão de Crivella e sua equipe é de que estarão prontos para operação os 880 leitos abertos pela Prefeitura para o tratamento de pacientes com Covid-19. Esses leitos serão distribuídos nas duas unidades de referência para o tratamento da doença: o Hospital Municipal Ronaldo Gazolla, em Acari, e o Hospital de Campanha da Prefeitura, no Riocentro.

- Estamos falando de 880 leitos somente nessas duas unidades, o que para nós é algo que temos a celebrar, nessa tragédia toda que temos a lamentar - afirmou o prefeito. De acordo com os dados da Secretaria Municipal de Saúde, são 881 leitos, sendo 301 de UTI.

A confiança demonstrada pelo prefeito com os novos leitos, na maioria de enfermaria, contrasta com a extrema cautela dos especialistas da Universidade Federal do Rio de Janeiro, berço acadêmico de boa parte dos integrantes do Comitê Científico da Prefeitura. Os pesquisadores defendem lockdown imediato como forma mais eficaz, no momento, para poupar vidas e também evitar o colapso no sistema de saúde. A modelagem indica que, durante o pico, serão necessários 800 ventiladores pulmonares novos funcionando, simultaneamente, sem contar os que já estarão em uso pelos pacientes que adoeceram antes.

Roberto Medronho, epidemiologista que lidera o Grupo de Trabalho Multidisciplinar para Enfrentamento da COVID-19 da UFRJ, explica em reportagem no site da UFRJ que as medidas de isolamento social adotadas têm contribuído para reduzir o número de casos, mas que não são suficientes para eliminar a necessidade de o estado precisar contar com milhares de leitos e inúmeros respiradores.

No caso do Rio, levantamentos anteriores à pandemia da Covid-19 revelam uma média de 30% de pacientes, adicionais à capacidade de atendimento estimada para os moradores da capital, vindos de outras cidades. Uma cena frequente nos principais hospitais da cidade é a chegda de ambulâncias de municípios não apenas da Baixada Fluminense ou do Grande Rio, mas do Norte e Noroeste do Estado.

De acordo com os cientistas da UFRJ, o número de infectados no estado poderá chegar a 40 mil no pico da pandemia, previsto para a primeira quinzena de junho. O modelo foi configurado considerando que cada pessoa infectada é capaz de transmitir o vírus para outras 2,46 pessoas em média. O estudo inclui somente os casos de COVID-19 confirmados pela Secretaria de Estado de Saúde do Rio. A pesquisa é coordenada por Guilherme Travassos (Coppe), Roberto Medronho (Faculdade de Medicina/UFRJ) e Claudio Miceli de Farias, (Coppe e Instituto Tércio Pacitti de Aplicações e Pesquisas Computacionais ? NCE).


Capaz de calcular diariamente as previsões com base na evolução dos dados notificados e disponíveis, desde o início da pandemia, a ferramenta prevê o número de pessoas que poderão ser infectadas pela doença provocada pelo novo coronavírus, bem como estima o número de óbitos em decorrência da doença no estado do Rio, cuja população é de 17,2 milhões.


“O modelo estima que o número de casos de COVID-19 confirmados no período de pico deverá chegar a cerca de 40 mil casos notificados, levando em conta que apenas 9% dos casos são notificados. O número de óbitos poderá chegar a 30 mil pessoas ao final da pandemia, de acordo com o modelo utilizado, caso se mantenha o cenário atual, no qual apenas cerca de 50% da população fluminense segue as orientações de confinamento”, alerta Miceli.




Crivella sustentou ainda que um decreto publicado nesta segunda-feira, 25/5, sobre o funcionamento de templos religiosos de qualquer crença apenas confirma o que a Prefeitura já vinha informando: estão todos liberados para funcionar, pois se trata de uma atividade essencial, desde que seguindo as regras de distanciamento social e com uso de máscaras. O prefeito argumentou que foi necessário explicitar a autorização para contornar incidentes em que a Guarda Municipal e a Polícia Militar entraram em conflito com líderes religiosos, entendendo ser obrigatório o fechamento.

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