O governador Wilson Witzel divulgou, na tarde desta quarta-feira (03), um vídeo explicando que sua decisão de romper o contrato com o Iabas e intervir nos hospitais de campanha foi tomada após a informação de que os 500 aparelhos que a organização social está comprando não são respiradores, mas carrinhos de anestesia, que não podem ser utilizados nas unidades de saúde.
“Não podemos continuar com erros, eles precisam ser corrigidos. A Fundação Estadual de Saúde assume para concluir as obras, operar o sistema e deixar um legado. Esses hospitais de campanha serão muito importantes para a reabertura da economia, para gerar empregos e, principalmente, para ajudar no futuro com cirurgias eletivas”, afirmou.
Witzel disse que pedirá à Justiça o bloqueio dos bens do Iabas para ressarcimento dos prejuízos ao Estado. O governador ressaltou ainda que vai iniciar a reabertura da economia no Estado do Rio no próximo fim de semana.
“É muito importante que saibamos que, neste momento, os esforços que fizemos já reduziram sensivelmente a fila de espera para internação. Hospitais que já estão atendendo à Covid-19 foram estadualizados com o apoio das prefeituras, o que vai nos permitir que já na próxima semana comecemos a flexibilizar a economia. Tenho certeza de que vamos vencer juntos”, disse o governador.
Segundo Witzel, os que erraram neste processo e cometeram atos ilícitos já estão sendo investigados pela polícia e pelo Ministério Público com a colaboração do Governo do Estado. De acordo com o governador, os que tiverem responsabilidade devem ser severamente punidos.
Nota do IABAS
O IABAS esclarece que, no dia 25 de maio, seu Conselho de Administração decidiu renunciar ao contrato de gestão dos hospitais de campanha e comunicou tal fato ao Governo do Rio de Janeiro.
Essa decisão se deu em função das inúmeras dificuldades impostas pela Secretaria Estadual de Saúde, que desde o início do contrato demonstrou sua incapacidade de atuar com eficiência para que os hospitais fossem entregues no tempo exigido pela população.
A construção de um hospital é uma operação complexa demais para suportar mais de 20 mudanças de concepção de projeto num prazo de 40 dias. O primeiro pagamento necessário ao início das obras se deu somente 13 dias após a assinatura do contrato. O IABAS trabalhou por 38 dias com o fluxo de caixa negativo por falta de pagamento integral .
Apesar de todas as dificuldades, alheias à vontade e à atuação do IABAS, estavamos em tratativas com o governo do Estado para realização de uma transição para outros gestores de maneira a não paralisar os trabalhos.
Diante do decreto de intervenção, cabe ao IABAS, em primeiro lugar, colaborar na transferência dos hospitais para o novo gestor, para, na sequência, tomar as medidas judiciais necessárias para assegurar os direitos de nossa instituição.
Por fim, o IABAS ressalta que a Secretaria de Estado da Saúde tinha conhecimento de todas as aquisições e atividades contratadas pelo IABAS, inclusive a aquisição dos respiradores acoplados a carrinhos de anestesia, equipamentos recomendados pela Associação Médica Brasileira, em ofício ao Ministério da Saúde, como alternativa para o tratamento de Covid 19, diante da escassez no mercado mundial.
Sobre os equipamentos:
O IABAS informa que desde o início das negociações para compra dos carrinhos de anestesia em substituição aos respiradores a Secretaria de Saúde do Rio de Janeiro sempre esteve informada. É consenso internacional a utilização de carrinhos de anestesia como ventiladores, principalmente no momento atual, em que sistemas de saúde do mundo inteiro estão em busca desses equipamentos, o que leva à escassez do produto.
O IABAS destaca que os carrinhos de anestesia AX400 não são apenas respiradores, são equipamentos complexos e modernos que possuem muitos recursos, além de funcionar como respiradores, e era a opção disponível no momento.