Fabrício Queiroz, ex-assessor e ex-motorista do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), foi preso em Atibaia, interior de São Paulo, na manhã desta quinta-feira (18).
Queiroz estava em um imóvel de Frederick Wasseff, advogado do parlamentar, e foi levado para unidade da Polícia Civil no Centro da capital paulista. Ele deverá passar pelo Instituto Médico Legal e pelo Departamento de Operações Policiais Estratégicas antes de ser ser levado para o Rio. O caseiro da residência confirmou que Queiróz estava há um ano no local.
Em entrevista a Andrea Sadi, da GloboNews, o advogado disssera, há pouco menos de um ano, não ter informação do paradeiro de Queiroz. Wassef é o encarregado, entre outros casos, dos recursos pela reabertura do inquérito da facada em Bolsonaro, na campanha presidencial, em 6 de setembro de 2018.
Em um áudio vazado antes de faltar a um depoimento e se tornar foragido, Queiroz reclamara estar sendo abandonado. E avisara: 'Vem aí uma pica do tamanho de um cometa!' Na conversa com um amigo, também investigado, o ex-assessor de Flávio Bolsonaro traçara seu limite: 'Não podem prender minha mulher nem minha filha'. Marcia de Oliveira, esposa de Queiroz, também foi presa na manhã desta quinta-feira.
Movimentação atípica
Policial Militar aposentado, Queiroz movimentou R$ 1,2 milhão em sua conta de maneira considerada "atípica", segundo relatório do antigo Conselho de Atividades Financeiras (Coaf). Ele trabalhou para o filho do presidente Jair Bolsonaro antes de Flávio tomar posse como senador, no período em que ele era deputado estadual no Rio.
Foto: Reprodução
Buscas em imóvel de Bolsonaro
No Rio, a Polícia Civil também fez buscas em um imóvel que consta na relação de bens do presidente Bolsonaro, em Bento Ribeiro, Zona Norte da capital fluminense.
No final de maio, ao rebater acusações feitas pelo governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, durante transmissão na internet, Flávio Bolsonaro o elogiou e o chamou de "cara correto" e "trabalhador".
Mandados de prisão e Busca e Apreensão
Os mandados de busca e apreensão e de prisão contra Queiroz foram expedidos pela justiça do Rio de Janeiro, num desdobramento da investigação que apura esquema de "rachadinha" na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj). A prisão foi feita numa operação da Polícia Civil e do Ministério Público de São Paulo.
Segundo um delegado que participou da operação, foi preciso arrombar o portão e a porta da casa onde Queiroz estava. Ele não resistiu e só disse que estava muito doente.
Posse do novo ministro das Comunicações
O advogado de Flávio Bolsonaro dono do imóvel de Atibaia onde Queiroz estava ao ser preso, Frederick Wasseff, participou nesta quarta-feira (17) da cerimônia em que o presidente Jair Bolsonaro deu posse ao novo ministro das Comunicações, Fábio Faria.
Em setembro de 2019, quando não se sabia o paradeiro de Fabrício, Wasseff disse ao programa Em Foco que não é advogado dele.
Assessor e Motorista
Queiroz foi assessor e motorista de Flávio Bolsonaro até outubro de 2018, quando foi exonerado. O procedimento investigatório criminal do Ministério Público Estadual do RJ que apura as irregularidades envolvendo Queiroz na Alerj chegou a ser suspenso por decisão do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli, após pedidos de Flávio Bolsonaro em 2019.
Wassef foi quem assumiu a defesa de Flávio Bolsonaro quando o senador abriu mão do escritório sugerido pelo empresário Paulo Marinho. Hoje rompido com a família e filiado ao PSDB, Marinho afirmou à Polícia Federal dispor de provas de que Flávio Bolsonaro teria sido avisado dos desdobramentos da Operação Cadeia Velha e na sequência determinado a demissão de Fabrício Queiroz, que trabalhava para os Bolsonaro há duas décadas.
A movimentação atípica de R$ 1,2 milhão na conta de Queiroz ocorreu, segundo as investigações, entre janeiro de 2016 e janeiro de 2017, incluindo depósitos e saques. O Coaf teve a atenção despertada, entre outros pontos, para a grandes concentração de saqus e depósitos em valores que dificultassem a detecção de origem e destino das movimentações. Dezenas de depósitos do valor de R$ 2 mil cada, para os mesmos destinatários, eram um exemplo documentado dessas manobrs. Essas movimentações incluíram depósitos na conta de Michelle Bolsonaro, que o presidente afirmou tratar-se de pagamento de um empréstimo feito por ele a Queiroz.
Em um áudio vazado antes de faltar a um depoimento no inquérito das rachadinhas e se tornar foragido da Justiça, Queiroz reclamara estar sendo abandonado. E avisara: 'Vem aí uma pica do tamanho de um cometa!' Na conversa com um amigo, também investigado, o ex-assessor de Flávio Bolsonaro traçara seu limite: 'Não podem prender minha mulher nem minha filha'. Marcia de Oliveira, esposa de Queiroz, foi presa, em outro local, na manhã desta quinta-feira, 21/6.