Diversidade não significa apenas respeitar opiniões diferentes, mas também pensar em um processo de construção de conhecimentos de inovação e produtividade que traz inúmeros benefícios na vida pessoal e profissional. Para as empresas, a necessidade de ser diversa é cada vez mais latente. Não estamos falando apenas de inclusão, mas sim de ter, na prática, em seu quadro de colaboradores, pessoas extremamente distintas sob diversos aspectos.
A discriminação e o preconceito estão cravados, ainda, na nossa sociedade, sendo mais visíveis nas relações raciais, nas identidades de gênero e no descaso em relação às pessoas com deficiência. É preciso, cada vez mais, desconstruir velhos conceitos de “normalidade” e de certo e de errado e passar a enxergar o valor das diferenças.
Quando temos uma ideia preconcebida, criamos um fator limitante em nossas vidas, e aí surgem as perguntas: Quantas oportunidades perdemos por termos atitudes preconceituosas? Quantas pessoas incríveis deixamos de conhecer? Quantas experiências maravilhosas deixamos de vivenciar? Quantos profissionais qualificados foram ignorados?
Escritor, pianista, cantor, produtor musical, técnico de áudio, youtuber e...cego
Um exemplo de tudo falado acima é o palestrante cego e consultor de acessibilidade Ari Protázio. Ele é, também, escritor, pianista, cantor, produtor musical, técnico de áudio e youtuber. “Nunca devemos julgar uma pessoa por aparência, crença, raça, orientação sexual, deficiência ou condição social. Está mais do que na hora de a sociedade entender que o preconceito fere e traz prejuízos”, afirma Ari.
Ari passou por várias situações profissionais que deixaram clara a existência de, mais do que o preconceito em si, a falta de abertura à diversidade e à inclusão por parte de diversas empresas. Aos 16 anos de idade, Ari trabalhava como demonstrador de pianos em uma loja de instrumentos musicais em São Bernardo do Campo (SP) e, com isso, começou a receber convites para tocar em restaurantes, pizzarias e bares. Numa manhã de sábado, Ari recebeu o telefonema do dono de um bar convidando-o para tocar naquela noite. Com a agenda livre e feliz com a oportunidade, Ari se arrumou e foi até o endereço marcado. Ao chegar lá, quando se apresentou para o dono do bar, para sua surpresa, ouviu a frase que ia marcar sua existência: “Cego nenhum vai tocar na minha casa!”.
Naquela noite, ao ser impedido de tocar naquele bar, a tristeza o alcançou. Sem rumo e sem entender o motivo daquela atitude preconceituosa, Ari andou por horas até que a angústia que sentia foi passando e sendo substituída por um sentimento de alívio e uma certeza: ele se tornaria pianista e viveria de música - não seria o preconceito que frustraria seus sonhos e nem interromperia sua jornada.
E assim aconteceu. Os anos se passaram, Ari foi se aperfeiçoando e seu trabalho começou a ser indicado pelos melhores buffets e hotéis da Grande São Paulo. “Ser diferente não significa ser inferior. O preconceito é uma imbecilidade criada pela sociedade e jamais devemos aceitá-lo”, enfatiza Ari, que hoje leva sua experiência para milhares de pessoas em suas palestras.
Ari em palestra. Foto: Divulgação
Benefícios da diversidade para as empresas:
* Aumento de lucro e competitividade: empresas com diversidade étnica apresentam 33% mais chances de sucesso e as com diversidade de gênero, 21% a mais de lucratividade (McKinsei &Company)
* Funcionários mais engajados e colaborativos: nas empresas onde se desenvolvem ações de diversidade, os colaboradores se mostram 17% mais dispostos e a ocorrência de conflitos é 50% menor, pois eles se sentem mais à vontade para dialogar, aprender e compartilhar suas experiências (Havard Bussiness Review, 2016)
* Maior senso de pertencimento: estas atitudes de diversidade valorizam a criatividade e estimulam a troca de conhecimentos e experiências, melhorando o clima organizacional, diminuindo a rotatividade dos colaboradores e gerando maior flexibilidade entre as equipes e menor resistência às mudanças; nestas empresas, 76% dos colaboradores admitem ter espaço para expor novas ideias e inovar no trabalho (Hay Group, 2015)
* Mais criatividade e inovação: empresas diversas registram o dobro de patentes do que as empresas sem políticas de diversidade (Financial Management, 2018)
* Maior capacidade de atração e retenção de talentos: 87% dos profissionais de todo o mundo valorizam o tema da diversidade, sendo que, no Brasil, este percentual chega a 91%, pois a diversidade está relacionada a respeito, bem-estar, produtividade e relações de melhor qualidade (Randstad, 2015)
* Melhoria da imagem da empresa: ela reflete maior compromisso da instituição com valores e responsabilidade social, muito considerado por consumidores, jovens talentos que aspiram trabalhar em empresas que tenham afinidade com seus valores pessoais e investidores