O ensino tradicional brasileiro precisa de reformas. A pandemia pode ter acelerado um pouco esse processo, mas ainda tem um longo caminho a ser percorrido. Isso é o que mostra uma pesquisa realizada pela Minds & Hearts, empresa da HSR Specialist Researchers, com cerca de 1100 alunos da rede pública e privada de todo o país, com idade entre 16 e 24 anos.
Maior interatividade, melhor relacionamento com professores, conscientização social e experiência corporativa foram os grandes destaques. Para 60% dos entrevistados é necessário o desenvolvimento de novos métodos de avaliação dos alunos, não deixando exclusivamente as tradicionais provas semestrais ou bimestrais. Uma outra metade levantou a bandeira sobre o baixo salário dos professores, que precisam ser mais valorizados.
Para 56%, a palavra do momento é inovação. É preciso mudar o o modelo convencional de aulas, trazer materiais mais interativos, com maior troca de ideias entre alunos e professores, e ainda integrar ao ensino médio às experiências corporativas, aumentando a vivência para escolha de uma profissão.
Foi exatamente isso que a Beetools, startup brasileira de idiomas, fez. A escola oferece aulas de inglês por meio de um aplicativo criado com inteligência artificial, data science, gamificação e realidade virtual. Não há classe de acordo com o nível de conhecimento dos estudantes, cada um faz sua jornada dentro do APP e recebe uma interação diferente. Entre uma experiência e outra, é possível marcar aulas com os professores para tirar dúvidas. Como eles possuem acesso a tudo o que o aluno desenvolveu na plataforma, os encontros virtuais são muito mais objetivos e eficazes.
O aplicativo, usado com conjunto com óculos de realidade virtual, permite que o estudante viva experiências reais do dia a dia de um viajante no exterior, como interagir com um policial e até mesmo conversar com amigos. E tamanha interatividade tem seu valor na educação. É que o método desenvolvido pela escola promete acelerar o aprendizado em até 4x. “A consultoria americana PwC fez um estudo que comprova a eficácia da realidade virtual na aprendizagem, os alunos se sentem 275% mais confiantes para aplicar o que aprenderam, pois o que eles vivenciaram dentro do aplicativo foi real, intuitivo e gera empatia”, explica Rawlinson Terrabuio, CEO da empresa.
A estratégia inovadora, aliada ao lançamento dos cursos em formato híbrido e digital por conta da pandemia, já está dando resultado. A escola dobrou o número de alunos, de 2000 para 4000 em apenas quatro meses, e, para dar conta de tanto atendimento, precisou aumentar em 30% seu quadro de funcionários. E o próximo ano já chega otimista, é que o CEO prevê um faturamento de até R$ 90 milhões até o fim de 2021. “Estamos muito otimistas com os próximos meses. Transformar o curso em formato híbrido digital proporcionou atendermos pessoas de todo o Brasil”, explica Rawlinson.