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Exigência na Europa e Japão

Microchipagem ajuda proprietários a encontrar animais perdidos

Nas festas de fim de ano, vários deles se assustam com barulho e fogem


Microchipagem ajuda animais a serem encontrados por seus donos. Foto: Arquivo Pessoal

Quem já teve um animal desaparecido conhece o tamanho do desespero. Principalmente nesse período de festas de fim de ano, com muitos fogos de artifício, vários deles se apavoram e escapam de suas casas.

Mas, ao longo do ano, muitos animais se perdem por inúmeros fatores, incluindo ausência de medidas de segurança como portões e telas em janelas, desatenção ou incidente na hora do tutor sair de casa ou durante um passeio.

A identificação na coleira, contendo principalmente telefone do tutor, é uma medida importante, mas muitas vezes insuficiente para encontrar um animal perdido porque ele pode perder esse apetrecho.

Já o microchip, que aliás é exigido em alguns países da Europa e no Japão, inclusive para reprimir o abandono, o bichinho carrega para sempre sem qualquer desconforto.

Mas por que se preocupar com isso?

São 30 milhões de animais nas ruas do Brasil, segundo estatística da OMS – Organização Mundial de Saúde, sendo aproximadamente 20 milhões de cães e 10 milhões de gatos. Mas nem todos nasceram nas ruas. Na verdade, boa parte deles foi abandonada ou se perdeu e nunca mais foi encontrada pelos tutores.

Outro levantamento, do Instituto Pet Brasil (IPB), aponta que 3,9 milhões de animais do país vivem em condição de vulnerabilidade (ACV). Isso quer dizer que estão sob o cuidado de famílias abaixo da linha da pobreza ou vivem soltos nas ruas, mas são atendidos de alguma forma por protetores e ONGs. E entre esses também estão cães e gatos que um dia se perderam de suas famílias.

As colônias de gatos, por exemplo, muito comuns em áreas do país, especialmente em parques e terrenos abandonados, geralmente também abrigam felinos que não conseguiram encontrar o caminho de volta para casa. Uma vez que esses felinos são recolhidos por protetores a fim de castrar e vacinar, aqueles que possuem microchip têm mais chance de serem devolvidos aos seus tutores.

A Associação Americana de Médicos Veterinários (AVMA) fez um estudo com mais de 7.700 animais de abrigos dos EUA e constatou que 52% dos que tinham microchip com dados atualizados em bancos de dados voltaram para casa.

Entenda como funciona a microchipagem

Consiste na implantação de um dispositivo eletrônico subcutâneo do tamanho de um grão de arroz no dorso do animal. O método utiliza um aplicador especial e é indolor. O microchip não precisa de nenhum tipo de recarga e nem ser substituído de tempos em tempos (dura toda a vida), não tem restrição por idade ou condição de saúde, e não provoca alergias ou desconforto.

A microchipagem gera um número que o tutor, em seguida, cadastra em bancos de dados, da sua preferência, com informações sobre o animal como idade, registro de vacinas, histórico de doenças e medicações. Como não existe no Brasil um banco de dados unificado, o animal tem mais chances de ser achado se o microchip estiver cadastrado em vários bancos.

Vale lembrar que, no caso de animal supostamente perdido, o dispositivo não funciona como um GPS e precisa ser submetido a uma leitora de microchip para ser acionado. A leitora mostra o número que deve ser checado em bancos de dados a fim de localizar o tutor.

Um dos locais que realiza a aplicação de microchip, que obedece a padrões internacionais, é a Clínica IntegrativaPet, de São Paulo. A vantagem é que isso permite cadastro em bancos de dados estrangeiros, caso a família viaje ou se mude para o exterior.

Cabe um alerta: em caso de viagem internacional exige-se que o microchip seja implantado antes da vacina contra raiva. A veterinária Viviane Reis, da Integrativa Pet, aconselha que, no caso de filhotes, a microchipagem seja feita junto com a vacina antirrábica aos quatro meses de idade.


Viviane Reis, veterinária. Foto: Divulgação

Salvando vidas

Em virtude do grande número de animais recolhidos por canis municipais de inúmeros países e, em vários deles, sendo eutanasiados mesmo quando saudáveis, o uso obrigatório de microchip tem sido bastante discutido por ONGs de proteção animal de todo o mundo.

O microchip, desde que tenha sido devidamente cadastrado em banco de dados, pode evitar a morte de muitos animais perdidos nesses canis e também ajuda a inibir o abandono, já que o tutor responsável pode ser localizado e punido.

No Brasil, a maioria dos estados já não sacrifica mais animais de rua, incluindo SP, que foi pioneiro numa lei de 2008 que passou a proibir a captura de cães e gatos para fins de eutanásia como controle populacional.

No entanto, muitos cães e gatos mantidos em abrigos municipais e de ONGs, às vezes durante longos anos, na verdade se perderam e nunca mais foram achados pelos tutores. Por isso, a microchipagem pode ser vista também como um ato de amor, que visa maior segurança do animal e aumenta muito as chances de um feliz reencontro caso o bichinho se perca.


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