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MP-RJ e Secretaria de Segurança fazem megaoperação contra corrupção policial

Meta é de 46 prisões, 24 contra policiais civis e seis contra PM's

Por Cezar Faccioli e Mario Hugo Monken em 30/08/2018 às 13:39:47

Após operação, interventores falaram sobre as ações (Foto: Jorge Hely)

A secretaria de Segurança Pública e o Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro deflagraram, na manhã desta quinta-feira (30/08), a segunda fase da Operação Quarto Elemento. O alvo é  uma organização criminosa, liderada por policiais civis, voltada à extorsão de pessoas envolvidas com atividades ilícitas. A meta da operação é cumprir nada menos de 46 mandados de prisão. As denúncias são por organização criminosa, corrupção, extorsão, concussão e peculato, entre outros crimes.

Precedida por investigações do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO/MPRJ) e da Subsecretaria de Inteligência (SSINTE) da Secretaria de Estado de Segurança Pública, a operação conta com apoio da Coordenadoria de Segurança e Inteligência (CSI/MPRJ), da Corregedoria da Polícia Civil e da Corregedoria da Polícia Militar. Até as nove e meia da manhã desta quinta-feira, nada menos de 34 prisões já haviam sido efetuadas.

O rol de 48 denunciados inclui 24 policiais civis, seis policiais militares, dois bombeiros militares, um agente penitenciário e mais 15 informantes ou ajudantes  dos policiais. A cúpula, chamada "Administração", seria composta pelo delegado Rodrigo Sebastian Santoro Nunes e seu braço direito Delmo Fernandes Baptista Nunes, chefe do setor de investigações. Thiago Luis Martins da Silva é outro delegado com papel importante no esquema.

Organização usava práticas de inteligência para identificar alvos de extorsão

O objetivo comum do grupo era a identificação de possíveis infratores da lei, mapear seu potencial de lucro e promover batidas policiais contra eles, sempre visando flagrá-los cometendo crimes ou irregularidades administrativas. Feito o flagrante, os denunciados exigiam uma quantia em dinheiro para livrar os infratores da prisão ou da apreensão de mercadorias, seguida dos devidos procedimentos legais. A investigação revelou que a organização criminosa fazia ameaças e até agredia fisicamente as vítimas. Em alguns casos, o grupo ainda desviava para si os objetos apreendidos junto aos alvos da extorsão, para posterior revenda a terceiros.

Como alvo em potencial do grupo, constavam qualquer pessoa que praticasse ato ilícito ou estabelecimento em situação irregular era alvo em potencial do grupo.  A investigação detectou extorsões contra vendedores de artigos piratas, camelôs, postos de combustível, bingos clandestinos, proprietários de veículos clonados e comerciantes em situação irregular.

Os informantes, essenciais para o sucesso do esquema, eram responsáveis por levar aos policiais denunciados dados sobre o envolvimento de possíveis alvos com ilícitos,o que poderia gerar o flagrante e viabilizar os atos de extorsão ou concussão e recolhimento de propina. Identificada a vítima em potencial, o grupo simulava uma operação policial (o "bote" propriamente dito) para deixar de efetuar a devida prisão em flagrante e exigir pagamento. Os informantes, na maioria pessoas de fora dos quadros da Polícia, eram no mais das vezes remunerados com parte do valor obtido nas extorsões ou concussões.

De acordo com a denúncia, os policiais Rodrigo Santoro e Delmo Fernandes detinham o domínio final de toda ação delituosa. Os dois se encarregavam de gerenciar, fiscalizar e receber os lucros financeiros produzidos pelos demais integrantes. 

Thiago Luis, por sua vez, atuava quando o "bote" não era acertado no local da abordagem. Em casos assim, o alvo da extorsão era levado para a delegacia e, por vezes, apresentado ao delegado Thiago Luis. Ele ajudava no convencimento das vítimas ao pagamento de propina, dando credibilidade às ameaças feitas pelo grupo durante a abordagem.

O esquema de cobrança de propina teve início na 34ª DP (Bangu), e, com eventuais transferências dos envolvidos,  passou a ser praticado na 36ª DP (Santa Cruz) e, depois, na Delegacia de Proteção à Criança e Adolescente (DPCA) de Niterói. 

A operação desta quinta-feira é uma sequência da Operação Quarto Elemento, deflagrada em setembro do ano passado para o cumprimento de seis mandados de prisão, quatro deles contra policiais civis e outros dois contra suspeitos que atuavam como informantes do esquema.
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