Patrimônio Carioca, Isabelita dos Patins emocionou a web com um bate-papo revelador, e cheio de emoções, com o jornalista, DJ, produtor de eventos e CEO do site Pheeno, Thiago Araújo. A drag queen argentina usou o canal de Thiago para fazer um balanço dos seus 50 anos de carreira e desabafar sobre o relacionamento abusivo que viveu. “Eu sempre digo que a gente se pinta de palhaço, mas ninguém sabe o que se tem dentro desse palhaço”, ressaltou Isabelita, que despontou para o mundo de uma forma bastante despretensiosa no carnaval de 1971, quando resolveu dar pinta em plena Avenida Atlântica. “O mais gostoso de tudo isso é que quando eu cheguei patinando, uma jovem senhora chegou para mim e perguntou: ‘você tem um sotaque, de onde você é?’. Eu respondi que era da Argentina, então ela disse que eu me chamaria Isabelita dos Patins. Porque neste ano a primeira dama era Isabelita Perón. Te mete!”, relembrou, se divertindo.
A conversa foi ao ar dentro do programa “Estúdio Pheeno”, e também contou com o relato detalhado de Isabelita dos Patins sobre as agressões que chegou a sofrer durante um relacionamento que durou 11 anos. “Para ele, eu era uma santa. Só que, na cabeça dele, virou uma atração fatal. Eu passei uma semana em Juiz de Fora e, quando voltei, a pessoa estava no quarto. Eu o questionei por estar na cama numa segunda-feira, às 11 da manhã. A pessoa começou a não falar direito. Eu imediatamente fui para a geladeira e vi que lá tinham cinco garrafas de caipirinha, fui no tanque e quebrei tudo. Ele me viu correr para o quarto da Isabelita e começou a pegar no guarda-roupa e jogar os bichinhos de uma coleção que eu tinha desde criança. Eu fiquei com tanta raiva e ódio que fui pra cima dele. Só que ele estava com uma peixeira. Eu fui direto na delegacia e o delegado mandou buscar essa pessoa”, contou.
Foto: Divulgação
E continuou: “Recomendou que, imediatamente, ele pegasse as coisas dele e saísse da minha casa. Como tenho bom coração, falei com o delegado que não tinha problema, que ele podia ficar no meu apartamento até achar um lugar para ele e eu ficaria na casa de um amigo. Eu fiquei na casa desse meu amigo um ano e meio, mais ou menos. Essa pessoa que morava comigo realmente era muito agressiva. Ele me seguia nos lugares com a peixeira. Eu não podia chegar perto de ninguém! Se você chegasse perto de mim, ele achava que você estava me assediando e aí ia em cima de você de qualquer maneira. Depois de um ano e meio, eu ainda com a esperança de rever meu apartamento, mas quando abri a porta, não tinha nem o trilho da cortina. Durante um tempo, eu dormi no chão em cima de um papelão”, lembrou.
Isabelita dos Patins, nome artístico da drag queen argentina Jorge Omar Iglesias, também aproveitou a ocasião para agradecer o carinho do público. “Na verdade, eu não faço show. Eu não canto, não dublo, não cheiro, não pego marido de ninguém, mas como elas dizem, sou incomum (risos). Acontece que o meu personagem é muito carismático, é muito família. E eu tenho uma bênção de Deus que são vocês e a imprensa, que tem um carinho muito especial comigo”, concluiu. O quadro com a entrevista faz parte do canal “Pheeno TV”, que tem como principal objetivo a produção de conteúdo que destaque e valorize a cultura LGBTQIA+.