Especialmente neste mês, chamado Setembro Amarelo, em todo o mundo serão realizadas iniciativas de valorização da vida para lembrar o Dia Internacional de Prevenção ao Suicídio, dia 10. A Organização Mundial de Saúde apontou que tem crescido o número de suicídios entre os jovens de 15 a 29 anos.Por conta disso, especialistas reforçam a necessidade urgente de proporcionar uma rede de afeto e de diálogo como forma de proteger, especialmente, aqueles em situação de sofrimento psíquico.
Assim como muitas universidades, que concentram grande número de jovens, aUniversidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) tem buscado realizar ações de proteção e de combate ao suicídio. Segundo a psicóloga e chefe do Serviço de Psicologia Aplicada (SPA) da UERJ, Laura Quadros, a aproximação entre as pessoas precisa aumentar.
"Demonstrar interesse pelo outro faz muita diferença. Apesar de muitas ações nas redes sociais o contato nas redes humanas de afeto vem diminuindo, até mesmo dentro do sistema familiar", alertou
Atualmente cerca de 300 pessoas são acompanhadas no SPA, entre alunos, funcionários e população de forma geral. O SPA é uma clínica escola e o serviço é realizado por estudantes em formação.
Para a coordenadora do Programa UERJ pela Vida e do Núcleo de Acolhida ao Estudante (NACE), Maria Christina Maioli, é fundamental trabalhar para evitar o adoecimento da mente.
"O suicídio é uma questão de saúde pública, não é um problema somente do psiquiatra ou psicólogo, é um problema de todos e é evitável. Acredito que é preciso falar sobre esse assunto para identificar aqueles que estão em sofrimento mental e tirar o preconceito que faz a pessoa demorar a procurar ajuda, causando um agravamento", orientou Christina.
O NACE recebeu no mês de Agosto três psicólogas concursadas e pretende ampliar o trabalho. Os atendimentos são feitos em parceria com o Instituto de Psicologia da UERJ, o Serviço de Psiquiatria do Hospital Pedro Ernesto, além do o SPA. Neste ano, o 10º Seminário do Programa UERJ pela Vida acontecerá no dia 12 de Setembro.
Espaço para conversar
Laura Quadros, que é professora da graduação e pós-graduação, realiza uma pesquisa na UERJ sobre juventude e sofrimento psíquico. Ela observa que os jovens têm um grande temor do fracasso, porque eles enfrentam uma cobrança excessiva por suas realizações e têm dificuldade de lidar com as frustrações.
"Temos que pensar sobre o mundo que estamos produzindo. A Organização Mundial de Saúde aponta que está crescendo o número de suicídios entre os jovens de 15 a 34 anos. Temos uma geração bastante estimulada intelectualmente, porém mais imatura emocionalmente, o que gera certo empobrecimento de recursos emocionais para ponderar as coisas que acontecem e realizar enfrentamentos nas lutas diárias", identificou a chefe do SPA.
A psicóloga reforça a importância do jovem ter um espaço para falar de seus temores e perdas pois nessa partilha ele pode conseguir perceber que outras pessoas já passaram por situações difíceis e conseguiram encontrar modos de lidar com os mesmos sofrimentos que ele enfrenta. "O isolamento dá a falsa impressão de que isso está acontecendo somente com ele. É necessário ter espaço para conversar sobre o que não deu certo e entender as angústias como processos humanos", pontuou.
Serviços de prevenção ao suicídio na UERJ:
Centro de Valorização da Vida (CVV) Sala T-089, no térreo. O serviço também atende 24 horas por dia no número 188.
Núcleo de Acolhida ao Estudante (NACE)Sala 2009 do bloco E, 2º andar. Telefones: 2334-0983 e 2334-0987
E-mail:[email protected]
de Psicologia Aplicada (SPA).Sala 10006, 10º Andar.
Telefone: 2334-0033.