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Secretaria Municipal da Pessoa com Deficiência fecha três Centros de Convivência no Rio

Mães e familiares dos deficientes lutam pela manutenção das casas

Por Rosária Farage em 20/02/2021 às 09:37:50

Foto: Divulgação

O fechamento de três Centros de Convivência na cidade do Rio de Janeiro pela Secretaria Municipal da Pessoa com Deficiência está causando um grande transtorno para as famílias dos usuários.

A maioria dos responsáveis não aceita a mudança, que de acordo com a experiência de cada um, será um retrocesso, podendo causar sérios danos aos deficientes.

Segundo nota emitida pela assessoria de imprensa da SMPD, o motivo do fechamento dos Centros de Convivência e da transferência para os Centros de Referência é a otimização dos serviços oferecidos.

Mas segundo uma das mães representantes que participou da primeira reunião envolvendo a secretária Helena Werneck, na qual foi diretamente anunciado o fechamento das casas, a primeira justificativa teria sido corte orçamental.

Um segunda reunião aconteceu de forma virtual, no dia 9 de fevereiro, a princípio comandada pela própria secretária, que se retirou deixando sua equipe assumindo naquele momento a busca de entendimento para o processo de transição.

Acontece que as mães e responsáveis pelos deficientes envolvidos – jovens, adultos e idosos, com deficiências diversas – temem a descontinuidade dos serviços e acham que a secretária não entende a gravidade.

“Nós devemos levar em consideração o tempo de adaptabilidade dos usuários no Centro de Convivência. Desde 2012 o meu irmão e a maioria lá já estão em processo de adaptabilidade. São oito anos ou mais de convivência com os mesmos profissionais, no mesmo local”, enfatiza Graziela, irmã de Carlos Antônio da Silva Alves, autista.

Graziela alerta que a maioria dos usuários tem comprometimento em relação ao autismo, são pessoas a partir de 14 anos, alguns até com idade avançada. E com o envelhecimento, a neuroplasticidade e a cognição vão piorando.

Segundo ela, é muito importante para estes usuários não estarem num local grande, com muita luminosidade, com muito estímulo e muito acesso de pessoas, como são os Centros de Referência, para onde a secretaria quer realocá-los.

Os Centros de Referência já atendem uma média de mais de 100 usuários e tem fila de espera. O tempo de atendimento é de 40 minutos, muito curto em comparação aos Centros de Convivência, que eram de 4 horas por dia, com atendimento 4 vezes por semana.

Nos Centros de Convivência – Brás de Pina, Jacarepaguá e Campo Grande – a média de usuários fica entre 60 e 70. Cada casa tem cerca de 15 funcionários, sendo 3 oficineiros (artesanato, culinária e jardinagem), 4 cuidadores (um em cada oficina e um volante) e os técnicos (terapeutas ocupacionais e assistentes sociais).

“O espaço remete a uma casa. O nome já diz: Centro de Convivência. Um lar. O fato de não fugir muito da rotina deles contribui muito para o desenvolvimento. É um trabalho diferenciado”, complementa Graziela.

Segundo ela, o trabalho do Centro de Referência pode ser bom para os iniciantes. Para quem já se adaptou e criou um vínculo vai causar transtorno psicológico, neuroplasticidade negativa e estresse. "Enfatizo que os usuários não vão se adaptar e conseguir desenvolver bem".

Este é o sentimento quase unânime das famílias e dos usuários, que não pretendem desistir de lutar pela permanência dos Centros de Convivência e farão uma manifestação de protesto e sensibilização neste sábado (20).

“Sou mãe do Rômulo, 22 anos, autista. Com o fechamento da casa, ele perde os benefícios da convivência em grupo. Essa troca é muito importante. O convívio com o grupo só trouxe ganhos no lado social e afetivo. Meu filho não tem amigos fora da casa. Lá, ele se sentia acolhido e integrado. Durante a pandemia uns ligavam para os outros para conversar”, diz Jandira Oliveira, uma das mães representantes.

Ela acrescenta que o trabalho proposto nos Centros de Convivência vai além do ambiente familiar, que já é fundamental para os deficientes. Alguns usuários com dificuldades de locomoção têm direito a transporte, algo que não terão no Centro de Referência.

Para eles, a rotina e a confiança nos profissionais, que já conhecem e convivem há muitos anos, facilita a vida. Inclui e socializa até com bazares e festas.

Mas o contrato dos funcionários das casas de convivência foi encerrado. O aviso prévio de 19 de janeiro a 18 de fevereiro foi comunicado pela contratante Central de Oportunidades.

De acordo com a Secretária Municipal da Pessoa com Deficiência, alguns funcionários serão realocados dos Centros de Convivência para os Centros de Referência. Mas não se sabe quantos continuarão desempregados.

Uma terceira reunião entre a SMPD e uma comissão de mães e familiares está marcada para 23 de fevereiro e pode selar em definitivo o destino dos usuários.

Ouça o que diz a Secretária Municipal da Pessoa com Deficiência, Helena Werneck, sobre a questão no Podcast do Portal Eu, Rio!:

Por Rosária Farage
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