Os shoppings centers deixaram de ser um ambiente focado prioritariamente no consumo e no lazer e passaram a oferecer um leque considerável de serviços. Uma pesquisa da Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce) apontou que centros médicos e/ou laboratórios representam 37% das operações nos shoppings brasileiros e a tendência é de crescer cada vez mais. Laboratórios de análises clínicas, de diagnóstico de imagem, planos de saúde e academia são apenas algumas das operações que vêm usufruindo os espaços dos grandes centros comerciais, que passaram a abrir espaço também para consultórios e clínicas médicas e odontológicas.
O mestre em Engenharia Biomédica e PhD em Gestão de Saúde Norton Mello, da BIOENG Projetos, explica que esse é um movimento que começou há cerca de duas décadas, quando os projetistas começaram a perceber a necessidade de adotar iniciativas usadas em espaços comerciais para humanizar os serviços de saúde. O objetivo, segundo ele, era trazer elementos lúdicos a esses ambientes, permitindo que pessoas se sentissem acolhidas e confortáveis. “Com a crescente e irreversível tendência à desospitalização, os ambientes de saúde entraram em um rol de atividades de conveniência fundamentais para atrair e aumentar a densidade diária de público dentro dos shoppings”, afirma o especialista.
Norton Mello. Foto: Divulgação
Mix de lojas e de serviços
Mello destaca que, para os frequentadores dos shoppings, é importante poder contar com uma farmácia entre as centenas de opções de compras do local. “Postos de vacinação, laboratórios, centro de diagnóstico por imagem, liberação de guias de convênios médicos também deixaram de ser novidade. Em algumas cidades, os profissionais de saúde já descobriram a importância de estar dentro desses empreendimentos”, analisa.
De acordo com o especialista, a principal vantagem é a alta atratividade de público. Uma área de 120 m², por exemplo, pode comportar até dez consultórios com potencial para atrair mais de 500 pessoas por dia, considerando acompanhantes em algumas especialidades. Por outro lado, a operação de saúde dentro de um shopping precisa ter um projeto arquitetônico estruturado e alguns cuidados adicionais devem ser previstos. “Certas atividades não são recomendadas por tratarem de doenças infectocontagiosas, enquanto outras são desejáveis por provocar engajamento que potencializa a operação do shopping em uma sinergia positiva”, pontua.
Em grandes cidades como Curitiba, por exemplo, alguns empreendimentos já estão se adaptando a esse novo cenário. Um dos maiores shoppings da cidade está em fase de expansão, com projeto que deve ser executado em 2021, e deve ganhar 15 mil m² de área construída, sendo que deste total, quase 5 mil m² serão destinados a operações de saúde. “Os shoppings estão deixando de ser apenas grandes espaços de compra para se consolidar como ambientes multiuso para atender às mais diversas necessidades”, enfatiza Mello.