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Trabalho será realizado para tentar recuperar itens atingidos pelo incêndio no Museu Nacional

Por Cláudia Brito de Albuquerque e Sá em 05/09/2018 às 21:25:16

Com equipamentos 3D, a Polícia Federal fotografou o prédio atingido pelo incêndio (Foto: Fábio Gonçalves)

A partir da próxima semana, será iniciado um trabalho arqueológico para encontrar itens do acervo atingido pelo incêndio no Museu Nacional, localizado na Quinta da Boa Vista. "Não será uma simples remoção de escombros, faremos uma arqueologia aqui dentro de casa", ressaltou a vice-diretora do museu, Cristiana Serejo. Segundo ela, há necessidade de cobrir o espaço que contém itens históricos importantes. "Depois de fotografar como o prédio ficou, será necessário proteger todo o espaço pois uma chuva forte pode danificar ainda mais", avaliou Cristina.

Na manhã desta quarta-feira, com a ajuda de um scanner e um drone, a Polícia Federal fotografou o prédio atingido pelo incêndio no último domingo (2). O trabalho de perícia também faz parte do processo de investigação das causas do desastre. Segundo a Assessoria de Comunicação do Museu Nacional, até o momento, não é possível cobrir o local porque os bombeiros ainda atuam para evitar novos focos de incêndio. Devido à grande proporção das chamas, essa possibilidade ainda existe.


Cristina Serejo explica as novas ações para as buscas de itens nos escombros (Foto: Cláudia Martini)

 "O trabalho arqueológico será feito a partir de uma ação conjunta com a equipe de segurança que orientará sobre a hora em que as ações poderão ser iniciadas. A verba federal deve chegar em cinco dias, vamos tratar de forma emergencial, sem licitações, para não levar muito tempo. Esperamos recuperar peças importantes. A equipe será formada por arqueólogos, especialistas em conservação, pessoas com experiência nesse tipo de situação de risco e, possivelmente, alguns voluntários. É um trabalho demorado, acredito que deveremos ter um apoio externo para acelerar".

Sobre o crânio encontrado nos escombros, não há confirmação se é o mais antigo fóssil humano, conhecido como Luzia. "Isso ainda será averiguado, não temos como confirmar nada no momento. Eu sei que essa é uma ansiedade da população do Brasil e do mundo e vamos buscar uma informação mais acertada em relação a isso", garantiu.

Cristina destacou outros itens que podem ser encontrados entre os escombros. "Entre os materiais que resistem mais ao fogo, estão minerais e peças de cerâmica. Mesmo que encontremos somente os pedaços de cerâmica, com uma foto do original poderemos tentar reconstruir. O símbolo da reforma será a fachada do museu, que é linda e está praticamente intacta", informou.

Metade do acervo pode ter sido preservada

Segundo Cristina, existe uma reserva técnica que não estava na exposição e que não foi atingida pelo incêndio. "Acredito que quase metade do acervo do Museu Nacional foi preservada, cerca de 10 milhões de itens. Alguns armários do departamento de Geologia e Paleontologia localizados no primeiro andar, numa área menos atingida, estão de pé. Assim que possível, iremos abrir para ver o estado de conservação dos materiais. Eles guardavam fósseis de Botânica, paleofósseis", revelou.

Cristina destacou que o museu é um dos maiores depositários da América do Sul. "As coleções que sobreviveram foram iniciadas no Século XIX e possuem um valor histórico imenso. Todo o histórico de biodiversidade é extremamente importante, temos exemplares coletados em áreas que nem existem mais. Foi preservada a parte de vertebrados, mamíferos, peixes e anfíbios. Tudo o que restou tem uma importância enorme", destacou.

Brigada não, mas medo existia

"O museu não tinha brigada de incêndio e nem seguro, mas estávamos conscientes de todos os riscos. Há muito tempo começamos a preparar os funcionários sobre as saídas de escape, os extintores estavam todos funcionando, tínhamos uma grande preocupação com isso. Inclusive, neste ano, fizemos um curso com os Bombeiros de prevenção de incêndios. O dinheiro do BNDES seria utilizado para melhorar essa questão", explicou a vice-diretora do museu.


Fonte: colaboração Cláudia Martini

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