Um dos cadernos encontrados tinha instruções de como os "consultores" deveriam proceder para praticar os golpes. Foto: Divulgação/Polícia Civil
Policiais civis da 38ª DP (Brás de Pina) desarticularam uma quadrilha que aplicava golpes em beneficiários do INSS. Durante a ação, 20 pessoas foram presas em flagrante. Segundo as investigações, o grupo atuava por meio de uma empresa que faz consultoria financeira, em Nilópolis, na Baixada Fluminense, que realizava empréstimos em nome de beneficiários.
A quadrilha telefonava para as vítimas e alegava que possuíam direito a um 14º salário, que seria pago pelo Governo devido à pandemia. Os bandidos recebiam dados pessoais dos beneficiários e faziam um empréstimo consignado, onde cerca de 90% do valor ficava com a organização criminosa.
O delegado Maurício Mendonça, da 38ª DP (Brás de Pina), que liderou a investigação, disse que os golpistas visitavam as vítimas em casa e as induziam a assinar documentos, que na verdade eram contratos de empréstimo.
Mendonça disse que um ofício foi enviado à Polícia Federal para que seja apurado um eventual desvio dessas informações de cadastro de beneficiários e pensionistas do INSS. O delegado descobriu com os golpistas uma lista com os dados, inclusive bancários, das vítimas.
No escritório da quadrilha, em Nilópolis, os agentes da 38ª DP encontraram diversos cadernos com instruções de como os "consultores" deveriam proceder para praticar os golpes.
"Havia inclusive informações de que o ato que eles estavam praticando era ilegal e que eles poderiam ser presos por conta disso", disse Mendonça.
O dinheiro era direcionado para ser investido nas contas da quadrilha. As investigações que levaram à prisão do grupo partiram de uma queixa registrada na 38ª DP, de uma vítima que perdeu R$ 30 mil.
"Eles se aproveitavam da pandemia para ofertar e dizer às vítimas que elas tinham direito a um 14º salário por não terem recebido o auxílio emergencial disponibilizado pelo Governo Federal. Para isso, as vítimas precisavam preencher um formulário para ser enviado ao governo para a liberação do dinheiro. Mas na verdade era um empréstimo que elas estavam contraindo sem ciência. Ou seja, eram iludidas, acreditando que era realmente um benefício do governo", disse o delegado.