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Orçamento reduzido da UFRJ impede investimentos no Museu Nacional, diz reitor

Leher pede inclusão de mais recursos no orçamento da universidade em 2019 para a reconstruir museu

Por Cláudio Rangel em 07/09/2018 às 00:01:05

Reitor da URFJ deu coletiva para falar sobre o futuro do Museu Nacional (Foto: Cláudio Rangel)

O reitor da UFRJ, Roberto Leher, disse em coletiva de imprensa que o orçamento da UFRJ caiu dos R$ 52 milhões em 2015 para R$ 6 milhões este ano e que o fato reduziu a capacidade de investimento da instituição responsável pelo Museu Nacional, destruído pelo incêndio no último domingo.

Após a Plenária organizada pela UERJ na Quinta da Boa Vista, Leher e o diretor do Museu Nacional, Alexander Kellner, falaram dos planos de recuperação do prédio e do acervo da instituição. Kellner chegou a afirmar que parte do acervo pode ter escapado das chamas, mas tudo vai depender das próximas ações e da inclusão das obras de recuperação do museu no orçamento da União em 2019.

"Demonstramos na plenária um estudo independente feito pela Consultoria de Orçamento da Câmara dos Deputados que mostra que, em 2015, tínhamos orçamento de R$ 52 milhões e este ano ficamos com R$ 6 milhões. Isso é óbvio que reduz a possibilidade de fazermos investimentos".

Leher disse que obteve recursos no valor de R$ 10 milhões junto ao Ministério da Educação. O dinheiro será usado na primeira fase de recuperação do museu:

"O primeiro (passo) é a manutenção dessa estrutura que permaneceu de pé após o incêndio. Isso envolve reforço estrutural, envolve sobrecobertura, envolve um trabalho muito delicado e complexo que é separar o que são os rejeitos do incêndio com o acervo. É um trabalho de enorme complexidade".

Nem tudo está perdido

Para tentar salvar o acervo que ainda existe no espaço, a UNESCO ofereceu especialistas em catástrofes, como tsunamis e incêndios. A delegação deve chegar na próxima semana. O objetivo é definir o plano de trabalho.

O planejamento tem duas etapas. A partir do dia 10, o museu inicia a tomada de preços para a execução dos serviços. O trabalho envolve atividades da perícia técnica da Polícia Federal, o isolamento da área para não comprometer provas e a ação dos técnicos da UFRJ, que acompanham o processo.

Kellner disse que, apesar de não ser uma pessoa otimista, está animado:

"O fato de parte de parede ter caído traz pra gente uma possibilidade de preservação de algum material. Eu estive lá dentro da do Palácio. Vi um armário cheio de acervo. Chegamos Abrir algumas gavetas com acervo. Porém, é um acervo fragilizado. Ele tem que ser retirado, levado para um local imediatamente tratado".

Os técnicos pretendem realizar o trabalho em duas etapas. A primeira delas é "botar o prédio de pé", como explica Leher. Envolve engenharia pesada e utilização de tecnologia de ponta, com o auxílio de especialistas internacionais.

A expectativa do reitor é que esta etapa comece em 2019. Mas para isso, é necessário que os recursos estejam previstos no orçamento. Caso contrário, os trabalhos sofrerão descontinuidade.

Um novo museu

Leher fala em um novo projeto para o Museu, projetado para o século XXII. Disse ter recebido oferta de ajuda de governos como Portugal e Áustria, países cujas histórias também eram representadas pelo Museu Nacional.

Falhas de gestão

A falta de manutenção de prédios ligados à UFRJ também foi levantada na coletiva. Perguntado sobre os questionamentos do Tribunal de Contas, Leher disse que a Controladoria Pública é necessária.

"Muitos prometem ajuda em épocas de comoção social. E a ajuda não se concretiza. Isso aconteceu com a Capela. Vários se comprometeram e esse recurso não veio da forma como esperamos. Não temos nenhum obstáculo jurídico em termos de doações. A instituição recebe recursos públicos. Nessa ótica, quando o Tribunal de Contas pede para examinar encaramos isso com absoluta naturalidade".

Quanto ao cenário eleitoral, Leher diz que a UFRJ é autônoma e não vê possibilidade do museu ser privatizado ou ser retirado da instituição:

"A universidade é uma instituição autônoma e a UFRJ é muito zelosa da sua autonomia. A UFRJ zelará por sua autonomia, a despeito do governo que entrar", concluiu.

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