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Glúten pode ser responsável por danos no sistema de defesa do organismo

Especialistas falam sobre doenças que proteína pode causar

Por Cláudia Brito de Albuquerque e Sá em 08/09/2018 às 09:19:00

Bolo é um dos alimentos que, normalmente, pode conter glúten (Foto: Pixabay)

Artrite reumatoide e anemia são algumas das doenças que podem ser tratadas com a retirada do glúten. Especialistas informam que a proteína, presente no trigo, cevada, centeio e malte, pode gerar problemas gastrointestinais e agravar doenças auto-imunes. O tema é polêmico e não existem muitos estudos científicos ainda. "Não podemos generalizar, mas algumas pessoas obtêm melhora de doenças reumáticas por meio de uma dieta sem glúten", afirmou o reumatologista José Verztman, que é membro da SBR e presidente do XXXV Congresso Brasileiro de Reumatologia, realizado até este sábado (8).

Já é demasiadamente conhecido que o glúten deve ser evitado por pessoas celíacas e com sensibilidade ao glúten, mas há evidências de que a proteína do glúten não pode ser totalmente quebrada em nenhum organismo humano.

"O glúten é uma proteína grande e ninguém tem as enzimas necessárias para quebrá-la completamente. Os restos proteicos que sobram do que conseguimos digerir pode gerar em algumas pessoas uma sensibilidade do trato gastrointestinal e essa resposta inflamatória pode atingir o sistema imune do corpo todo", afirmou o reumatologista Marcelo Pacheco, membro da Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR) e responsável pelo Encontro Nacional para Pacientes Reumáticos e Familiares 2018, realizado recentemente no Rio.

Segundo Dr. Marcelo, toda pessoa com doença auto-imune deveria, com acompanhamento médico, fazer a experiência de retirar o glúten por cerca de dois meses. "Alguns pacientes obtiveram respostas interessantes, principalmente a melhora da dor e da fadiga, além da redução da atividade da doença o que resultou na possibilidade da diminuição de remédios", informou.

A dona de casa Benedita Miguel de Camargo Dal Bosco considera que sua saúde melhorou após a retirada do glúten em Abril de 2014.

"Eu tinha artrite reumatóide, tomei medicamentos durante 13 anos e só piorei. Sentia dores terríveis e nódulos pelo corpo, quase não andava. Quando tirei o glúten melhorei logo nas primeiras semanas, me senti mais forte a cada dia. Além do glúten eu também exclui outros alimentos processados, faço uma dieta anti-inflamatória", contou. 

Ainda faltam estudos sobre o assunto

Segundo a Sociedade Brasileira de Alimentação e Nutrição (SBAN) "não há evidência suficiente para assumir que os indivíduos saudáveis experimentariam quaisquer benefícios do consumo de uma dieta sem glúten". Entre outras informações, diz também: "As dietas sem glúten podem ser saudáveis para a população em geral, desde que a retirada dos alimentos processados sem glúten seja compensada pela ingestão de outros grãos integrais, e de hortaliças de baixa densidade energética".

A presidente do Departamento de Obesidade da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), Maria Edna de Melo, disse que a restrição de um alimento pode gerar uma sensibilidade futura. "O nosso organismo vai trabalhando conforme ele vai recebendo o que ingerimos, ao restringir algo o organismo vai deixar de produzir as enzimas para digeri-lo. Então, quando voltar a consumir pode passar a ter uma intolerância", disse.

Na medida certa

O estudante do sexto período de Nutrição da Universidade Paulista (Unip), Alfredo Gewehr Neto, evita consumir em demasia produtos com glúten. "Acredito que minha sensibilidade ao glúten aconteceu por conta de um grande consumo dessa proteína. Hoje, entendo que é necessário evitar o excesso. Atualmente, o trigo recebe mais glúten para tornar o pão mais macio. Conseqüentemente, a pessoa que come diariamente esses produtos é exposta a uma quantidade ainda maior dessa proteína", destacou.

Para melhorar a saúde, Alfredo ficou aproximadamente três anos sem consumir produtos com glúten. Hoje, ele consome esses alimentos de forma moderada e investe no consumo de prebióticos.

"Também precisamos proteger a flora intestinal por conta da maior quantidade de aditivos químicos nos produtos industrializados. No meu caso o que mais funcionou foi a utilização da farinha de banana verde e o kefir. Mas os prebióticos não podem ser utilizados em demasia, tudo precisa ser na medida certa", pontuou Alfredo.

Confira o link do posicionamento da SBAN sobre o glúten: http://www.sban.org.br/publicacoes/posicionamentos/132/dieta-sem-gluten

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