Um aplicativo recém-elaborado e disponibilizado consegue revelar, através das intenções de voto do eleitor quem pode ser beneficiado indiretamente e assim ser eleito sem grandes esforços. O Appoie (www.appoie.com), que está disponível para Android e IOS, também ajuda a encontrar candidatos com perfil compatível com o eleitor.
Seus desenvolvedores têm cerca de 30 anos e já estavam cansados da eleição não representar de fato o desejo da maioria dos eleitores.
Segundo os autores, o aplicativo é independente e apartidário e a proposta segue a linha do projeto anterior de um dos autores, o site Repolítica, que fez sucesso a partir de 2010 e permitia orientação online ao eleitor de acordo com seus ideais e objetivos.
"É um novo passo com o aprendizado do Repolítica, e mantemos os mesmos valores e objetivos: equilibrar a disputa entre os candidatos, de forma isenta, ajudando o eleitor a encontrar candidatos que pensem como ele, independente da verba de campanha, fama ou de um mandato anterior", explica Daniel Veloso, designer do projeto.
Após as eleições o plano do Appoie é virar uma ferramenta de acompanhamento dos eleitos. "É um projeto com três frentes: ajudar a encontrar candidatos com perfil similar ao do eleitor, evitar surpresas do sistema eleitoral e acompanhar os resultados da eleição ao longo do mandato" propõe Veloso.
Como funciona
O usuário entra no app e responde um questionário indicando suas posições políticas. A partir daí, o sistema traça a compatibilidade entre o eleitor e os candidatos em cada cargo em disputa e mostra quais têm mais a ver com o perfil.
"A base das informações vêm do TSE, mas muito é construído pela inteligência coletiva, de forma colaborativa. Ao apoiar, simpatizar ou reprovar um candidato que conhece, o usuário ajuda a construir o perfil daquele candidato. Mas o próprio candidato, se quiser, pode se cadastrar e incluir ele mesmo suas respostas", explica o desenvolvedor Guto Marzagão.
Com as informações de compatibilidade, o sistema também indica, para cada candidato, quais são as "surpresas" que o voto nele traria, ou seja, quais outros candidatos serão beneficiados, dado o funcionamento do sistema eleitoral.
"As pessoas acham que os candidatos eleitos no legislativo são os mais votados, assim como acontece no executivo. Mas, pouca gente sabe que o sistema não é o mesmo", reforça Marzagão.
Ele se refere ao nosso modelo eleitoral proporcional, em que a coligação de partidos precisa atingir um número mínimo de votos para eleger um candidato. Assim, os votos dados a um candidato primeiro ajudam a coligação a conquistar uma vaga, depois contam para os candidatos mais votados daquela coligação. Por isso, o eleitor pode votar em um candidato, não conseguir elegê-lo, mas ajudar a eleger outros da coligação.
Roan Marques, desenvolvedor da plataforma, alerta:
"Essa dinâmica é muito explorada principalmente por partidos fisiológicos, que colocam um candidato carismático como puxador de votos, e este acaba levando junto outros candidatos que não seriam eleitos com os próprios votos. Muitos com alta rejeição e até problemas na justiça. Se não prestar atenção nos outros candidatos da coligação, o eleitor acha que está votando em alguém honesto ou até dando um voto de protesto, mas, na verdade, está ajudando a colocar para dentro do legislativo tudo aquilo que ele odeia", finaliza.
Até o fechamento da matéria, ao menos no Android, o app já contabilizava 1000 downloads.