Festival de Música Autoral de São Gonçalo é ganho por canção que fala de aceitação

O FEMASG (Festival de Música Autoral de São Gonçalo) foi realizado na última quinta-feira (18). O evento foi realizado no SESC de São Gonçalo, restrito para os dez finalistas e equipe. O evento durou cerca de três horas e contou com um público participativo (online), através da transmissão Ao Vivo, realizada pelo Canal Noix Produções.

Os dez finalistas que se apresentaram foram Bruno Albert, Concreto Armado, Danilo Minarini, Ella Fernandes (Voto Popular), Fred Tavares, Valber Dan, Mayla, Nilze Benedicto, Roni e Sargento e Thiago Lima.

O ator Hugo Germano comandou o festival com maestria e leveza. Carismático e cheio de malevolência, fez ótima parceria com Hellen Assis, que entrevistava os finalistas nos intervalos das apresentações.

Os jurados, Roberta Nistra, Moisés Nascimento, Rafael Massoto e Jef Rodriguez tiveram um grande trabalho, tendo que votar em categorias diferentes (letra, melodia, arranjo, interpretação e criatividade) durante a apresentação de candidatos de altíssima qualidade e potência autoral e vocal.

Foto: Divulgação

Ao consultar o jurado Jef Rodriguez sobre qual foi a maior dificuldade em ser júri no FEMASG, ele respondeu:

- O processo seletivo se torna difícil quando todas as composições são relevantes. Foi justamente o que aconteceu, principalmente nessa última fase. Cada jurado teve que decidir no detalhe, confirmando o quanto a disputa foi acirrada.

Sobre como foi a experiência de participar do FEMASG e qual significado desse festival, na opinião dele, Jef destacou:

- Sempre ouvi falar que São Gonçalo era um celeiro de talentos em diversos campos das artes e o FEMASG só confirmou. Me senti um privilegiado em ver e fazer parte dessa primeira edição. Iniciativas como essas acabam tendo uma função social enorme, e a principal delas é oportunizar. Tanto para os artistas mostrarem seus talentos, quanto para os profissionais envolvidos em todo processo. Há toda uma cadeia criativa em eventos com esse perfil e, ao mesmo tempo, que mexe com as emoções, também mexe com a economia, gera emprego, estimula a sensibilidade artística e levanta a autoestima da cidade. Fico torcendo que esse festival entre para o calendário anual. Tenho certeza que se tornará referência para outras localidades.

O jurado Rafel Massoto também se expressou:

“A condição de jurado é muito sensível. Você se vê sempre no lugar da pessoa que está tendo sua canção avaliada e está ali tudo tão lindo, se expondo aos seus sentidos. É preciso amar, sobretudo, a música e não um gênero específico. E o FEMASG colocou o júri na condição de aprendiz. Foi delicado demais julgar, em especial canções tão variadas, e não pessoas. Os dias vão passar e os impactos das canções estarão no meu coração”.

CONHEÇA OS VENCEDORES:

O primeiro lugar foi para Mayla, que compôs uma música para ela mesma quando criança. A canção “Tão Linda” fala de aceitação. A compositora e cantora recebeu o prêmio principal da noite, um cheque no valor de R$ 3.000,00.

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O segundo lugar foi para a dupla Roni e Sargento, que levou o funk-raiz para o palco do FEMASG, com o Rap da Fazenda dos Mineiros. Os candidatos vibraram e dançaram muito.

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Em terceiro lugar, um grande compositor e intérprete, Danilo Minarini, que levou R$ 1.000,00, com a música “Belos Amigos”.

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O FESMAG entregou R$ 6.000,00 (seis mil reais) em prêmios. O principal objetivo foi promover um evento democrático de ampla participação popular, assim como enaltecer a arte através da cultura da música autoral.

Mayla contou como foi participar e vencer o Festival de Música Autoral de São Gonçalo:

- Fiquei mega feliz em realizar o sonho de ser reconhecida na minha cidade. Apesar de morar aqui por tantos anos, sempre trabalhei em outras cidades e me fazer conhecida na minha cidade natal é, para mim, como uma benção! Estou liberada pra ganhar o mundo. Representar as mulheres periféricas de São Gonçalo é uma honra!

Perguntada se esperava receber o prêmio e qual foi a sensação, Mayla disse:

- Não vou dizer que eu não queria receber, porque eu queria muito, mas a vida é tão dura que preferi não colocar expectativas. Fui cantar de coração aberto, como sempre faço. Canto para uma, duas, dez, cem ou mil da mesma forma. Se eu ganhasse seria a realização de um sonho. Senão, seria mais um dia de missão cumprida e mais uma etapa concluída. A sensação foi de realização, de que a minha vez, depois de tantos, havia chegado.

Ao receber o prêmio, Mayla, muito emocionada, discursou:

“Foram muitos anos, muitas batalhas, muitas conquistas. Também muito choro e muita alegria. Mas essa música transformou a minha vida, porque eu realmente sou o que está escrito nessa canção. Eu realmente não me achava bonita. Eu tinha uma dificuldade danada de me encaixar, porque eu também não era retinta e também não era branca. Minha mãe é branca, meu pai é negro. Eu tinha um cabelo que eu não conseguia, durante toda a infância, me encaixar, me achar. E eu pude realmente entender que a beleza estava dentro de mim. Porque a gente precisa entender que se a gente não conseguir enxergar quem a gente é, ninguém vai enxergar, ninguém vai fazer isso por você.”

Sobre como será daqui pra frente, Mayla conta que está se preparando para lançar seu novo Projeto "IDENTIDADE", que inclui seis canções inéditas. E a grande aposta é a releitura do grande clássico da Música Brasileira “Olhos Coloridos”, autorizada pelo amigo e autor da música Macau e pela Warner Music. Além de contar com uma superprodução, audiovisual, dirigida por Alberto Sena.

Conheça mais sobre compositora e cantora Mayla:

MAYLA HADALLA já ultrapassa 20 anos de carreira e une-se a outras desbravadoras de uma indústria que não admitia mulheres livres e libertárias. Ao longo de sua trajetória, em 2018, lançou mais um single autoral chamado 'TÃO LINDA'. Inspirada pela música pop mundial, Afrobeat e negra brasileira. Uma composição da cantora que aponta para a sua nova fase artística e pessoal, onde o empoderamento da mulher negra se faz mais presente do que nunca. O clipe foi realizado com a contribuição de diversas mulheres que contam, através da canção, um pouco sobre as suas trajetórias de vida.

O novo lançamento da cantora Mayla é “Sobre a Chuva”, um trabalho produzido durante o período de isolamento social em razão da pandemia de covid-19. A canção adquiriu uma nova versão cheia de força e significado na voz da artista de São Gonçalo.

O festival foi realizado pela NOIX Produções por meio da Secretaria Municipal De Turismo e Cultura de São Gonçalo, de acordo com a Lei Federal nº 14.017, de 29 de junho de 2020, conhecidas como Lei Federal de Emergência Cultural Aldir Blanc.