Ontem, terça-feira (20), a reitoria, no segundo andar do prédio da UFRJ - Universidade Federal do Rio de Janeiro, na Ilha do Fundão, pegou fogo. O incêndio teria sido causado por um aparelho de ar-condicionado. Em pouco tempo as chamas foram controladas e, de acordo com o Corpo de Bombeiros, não houve feridos na ocorrência. A assessoria da universidade lamentou o ocorrido e ressaltou a não ocorrência de maiores danos e feridos e reiterou sobre a origem do incidente. ”Informações preliminares constataram que não houve vítimas e que o ocorrido teria origem em um aparelho de ar-condicionado", disse a assessoria dos Bombeiros. Além disso, a universidade informou, em nota, que será aberta sindicância para apurar o ocorrido. O texto salienta que “um projeto básico para prevenção e combate a incêndios, elaborado pelo Escritório Técnico da Universidade (ETU), aguarda orçamento do governo federal para aplicação".
Não é a primeira vez que um prédio da UFRJ sofre em decorrência de incêndio. De forma emblemática, é possível recordar o ocorrido no Museu Nacional, na Quinta da Boa Vista, no bairro de São Cristóvão, foi atingido por chamas de grandes proporções em setembro de 2018. Segundo o inquérito divulgado em julho de 2020 foi apontado que o incêndio iniciou também por causa de um aparelho de ar-condicionado. Na ocasião, o fogo havia tomado conta do Auditório Roquette Pinto, no primeiro andar, próximo à entrada do museu e, em seguida, consumiu boa parte do prédio, perdendo boa parte do patrimônio, arquivos, legado da época imperial do Brasil e todo um acervo sobre a história do Brasil.
Incêndio do Museu Nacional. Foto: Agência Brasil
A importância da prevenção
O incêndio na reitoria da UFRJ deixa, mais uma vez, um alerta a todos os administradores, síndicos ou responsáveis legais das edificações.
A maioria das tragédias causadas pelos incêndios tem início em pequenos focos denominados princípios de incêndios, sendo gerados por atos e condições inseguras que poderiam ser evitados se houvesse uma cultura de prevenção disseminada desde a escola. Desta forma, muitas vidas poderiam ter sido preservadas e bens produtivos protegidos. Ao ignorar as normas de prevenção, tanto no que diz respeito às ações de educação, de aquisição e manutenção de equipamentos contra incêndio, cria-se um ambiente propício à eclosão de grandes desastres.
Foto: Divulgação
Sistema de prevenção e controle de incêndios
Ter equipamentos que possam prevenir e sistemas de alarmes e detecção de incêndios nem sempre é suficiente para obter um uma proteção adequada e necessária em edifícios de grandes instituições. Algumas das principais causas de incêndios e da incapacidade de controlá-los estão associadas com a falta de manutenção dos mesmos equipamentos.
O investimento em manutenção se torna infinitamente menor quando comparado aos possíveis danos causados por um incêndio em uma indústria ou edificação empresarial.
“Eu sempre digo que o incêndio acontece onde a prevenção falha. Todo o sistema preventivo da edificação deve estar funcionando dentro do código contra incêndio e contra o pânico, afinal, existem normas legais predefinidas pelo Corpo de Bombeiros que devem ser cumpridas. Então, analisa-se as características de cada edificação, seja ela comercial, industrial ou residencial, cumprindo as normas estabelecidas para cada tipo, levando isso em consideração para que haja uma cobertura completa e eficaz, evitando que ocorra maiores tragédias em decorrência de incêndios” afirma Onofre Souza,
especialista em segurança contra incêndio, sócio da Le Fummé, empresa especializada em prevenção e controle de incêndios e pânico, hoje responsável pela proteção do Jockey Club Brasileiro.
Onofre Souza, especialista em segurança contra incêndio. Foto: Divulgação
Mais que demandar reformas estruturais, os prejuízos podem implicar em meses de perda de produtividade e até mesmo em complicações judiciais.
Em grandes empresas, além do aspecto financeiro, também existe a reputação, que pode ser danificada, já que não são raros os casos em que a demora na detecção de um incêndio oferece riscos de danos de alta gravidade à saúde dos colaboradores.