Rio de Paz registra 82 crianças e adolescentes mortos por armas de fogo em 14 anos

O Rio de Paz acompanha desde 2007 os casos de crianças e adolescentes mortos por armas de fogo no estado do Rio, a maioria por balas perdidas. Com a morte de Kaio Guilherme da Silva Baraúna, de 8 anos, já são 82 vítimas desde então. Na maioria dos casos a investigação não aponta o autor do disparo. Kaio é a quarta criança morta por arma de fogo esse ano no Rio.

Vítima de bala perdida, Kaio morreu neste sábado (24/4), após oito dias internado no CTI do Hospital Municipal Pedro II, em Santa Cruz, Zona Oeste do Rio de Janeiro. Ele foi atingido por um tiro na cabeça na última sexta-feira (16/4), em Vila Aliança, Bangu, Zona Oeste do Rio. O menino estava numa festa de criança quando foi baleado e a família diz que não havia confronto naquele momento.

A ONG mantém uma instalação na Lagoa Rodrigo de Freitas, Zona Sul, com nomes de crianças mortas no Rio.

"Sempre que um menino ou uma menina morrem de forma tão banal e hedionda pensamos que tudo vai mudar, mas nada muda. Perguntas são feitas sobre essas mortes. Respostas objetivas são dadas, mas as medidas não são implementadas e os crimes continuam. Essas tragédias deixariam de acontecer se armas não chegassem às mãos de criminosos", diz Antonio Carlos Costa, presidente do Rio de Paz.

"Como arma e munição chegam ao Rio? O que os governos federal e estadual têm feito para que essas pragas não entrem no Rio? Quais são os principais fomentadores da cultura da guerra e do uso de arma de fogo no Brasil?", questiona ele.

Desde os primeiros instantes, 2021 registrou casos como o de Kaio:

- Alice Pamplona da Silva de Souza, de apenas 5 anos, foi morta no primeiro minuto de 2021. A menina levou um tiro no pescoço enquanto via os fogos de artifícios na virada do Ano Novo no colo da mãe no Morro do Turano, Rio Comprido, Região Central da cidade. Não havia operação policial no local.

- Ana Clara Gomes Machado, de 5 anos, morreu vítima de bala perdida no dia 2 de fevereiro, na comunidade Monan Pequeno, em Pendotiba, Niterói, Região Metropolitana do Rio. Família acusa policiais militares que faziam patrulhamento na área.

- O corpo de Ray Pinto Farias, de 14 anos, foi encontrado dia 22 de fevereiro, no Hospital Salgado Filho, no Méier, Zona Norte do Rio, após horas de buscas pela família ao adolescente. Ele foi visto pela última vez na favela do Fubá, em Cascadura, na Zona Norte do Rio, onde morava. No momento em que desapareceu havia operação da PM na comunidade e familiares acusam os policiais de matá-lo.