A semana começou com a divulgação de duas pesquisas, a FSB para o BTG/Pactual, um dos maiores bancos de investimento do País, e a MDA para a Confederação Nacional dos Transportes (CNT), uma das principais entidades patronais do Brasil. Diferentes nos números e na metodologia, as duas sondagens convergem nas tendências. O candidato do PSL, Jair Bolsonaro, consolida sua ascensão (28,2% na MDA e 33% na FSB), e pavimenta o caminho para o segundo turno. No outro polo, à esquerda, Fernando Haddad, do PT, acelera a transferência de votos do padrinho Lula e firma a disputa com Ciro Gomes, do PDT, por uma vaga na rodada decisiva, em 28 de outubro.
É como se dos dois lados do espectro político os eleitores estivessem antecipando decisões que teriam de tomar somente no segundo turno. Desde o atentado em Juiz de Fora, na véspera do Dia da Independência, Bolsonaro forçou o recuo de Geraldo Alckmin e deteve o crescimento das demais candidaturas liberais e conservadoras. Na rodada de 25 e 26/8, o tucano tinha 9%, seu melhor desempenho na FSB. Na sondagem mais recente, o ex-governador de São Paulo teve 6%, caindo além da margem de erro. A expectativa de uma rápida ascensão com o começo do horário gratuito onde soma mais de onze minutos e meio por dia não se confirmou. Os números na MDA/CNT sustentam a mesma análise. Nada menos de 51,6%, mais do que a maioria absoluta dos pesquisados que manifestaram a intenção de votar em Alckmin admitem mudar de ideia. Em contrapartida, Bolsonaro, alvo principal do canhão tucano no latifúndio que dispõe no horário gratuito, mostra apenas 21,2% dos apoiadores declarados sensíveis a rever sua intenção de voto.
O panorama à esquerda mostra maior equilíbrio, de acordo com as duas pesquisas divulgadas nesta segunda-feira. Na MDA, feita com 2 mil entrevistados em 25 unidades da federação, Haddad abriu sete pontos sobre Ciro Gomes (17,6% ante 10,8%), diferença superior à margem de erro. A pesquisa FSB para o BTG mostra um empate técnico (Haddad 16% X Ciro 14%), mas aponta na mesma direção da MDA ao mostrar uma decisão maior dos apoiadores de Haddad (81%) do que do candidato do PDT (48%). Os percentuais de definição na MDA são bem semelhantes (Haddad com 75,4% dos apoiadores dizendo não admitir mudar o voto e Ciro com 49,1%).
O maior trunfo do pedetista, a esta altura da campanha, é seu desempenho potencial num eventual segundo turno contra Bolsonaro. Na sondagem da MDA, Ciro bate o capitão reformado do Exército por 37,8% a 36,1%. A diferença está dentro da margem de erro (2,2 pontos percentuais para mais ou para menos), mas é uma virada em relação à rodada anterior da mesma pesquisa (29,4% a 28,2% para Bolsonaro). Na pesquisa da FSB, Ciro e Bolsonaro empatam em 42%.
Fernando Haddad perde do candidato do PSL por 39% a 35,7%, na sondagem da MDA. Na pesquisa da FSB, a diferença é maior, com a vitória de Bolsonaro por 46% a 38%, portanto acima da margem de erro. No potencial de voto, pela pesquisa da FSB, Haddad (36%) perde para Bolsonaro (48%) e Ciro (45%), mas tem a seu favor uma taxa de desconhecimento, de eleitores que não ouviram falar de seu nome, de 15%, o dobro da de Bolsonaro e Alckmin (7%), o triplo da de Marina (5%) e bem maior que a do rival mais direto, Ciro Gomes (9%)